O Brasil nunca sofrerá um grande terremoto?

Não dá para descartar uma megatragédia desse tipo, mas a possibilidade é muito pequena. Pelo menos enquanto a gente estiver vivo. “Já devem ter ocorrido grandes terremotos no Brasil há centenas de milhões de anos. Mas, nos dados sismológicos coletados desde o século 18, não há registro de tremor forte em nosso território”, afirma o geólogo João Carlos Dourado, especialista em sismologia da Unesp de Rio Claro (SP). A certeza de que o Brasil era uma terra abençoada por Deus e imune a terremotos, porém, foi abalada no início de dezembro, quando um tremor de 4,9 graus na escala Richter no vilarejo de Caraíbas (MG), causou a primeira morte no país. De fato, o Brasil tem pelo menos 48 falhas pequenas sob sua crosta – uma delas teria causado o chacoalhão fatal (veja mapa). Mas a imagem de um país remendado não é para assustar. Primeiro, porque o Brasil fica no meio de uma placa tectônica, a Sul-Americana, longe das instáveis regiões de contato entre placas. Segundo, porque as fraturas daqui geram no máximo terremotos médios como o de Caraíbas. Mesmo que um abalo atinja uma cidade grande, provavelmente os efeitos não serão devastadores. “As casas do vilarejo desabaram por serem construções muito simples, sem suporte estrutural. Em áreas urbanas, as estruturas são reforçadas e mais resistentes a tremores dessa intensidade”, diz João Carlos.
Revista Superinteressante.

Vale a pena ser sede da Copa 2014?

Do ponto de vista econômico, tudo indica que não. Segundo os cálculos preliminares da CBF, o Brasil vai precisar gastar R$ 11 bilhões para se preparar para a Copa de 2014. Tomando por base só essa despesa, sediar o torneio parece uma fria – afinal, daria para turbinar áreas como saúde, habitação e educação (e ainda movimentar a economia) se não fosse preciso gastar uma grana modernizando estádios, por exemplo. Mas é preciso considerar outros itens para medir o retorno de uma Copa, como o gasto dos turistas. Pelas contas do governo, a Copa deve atrair 500 mil estrangeiros, que gastariam até R$ 3 bilhões. Além disso, se a competição gerar tantos postos de trabalho quanto a Alemanha gerou em 2006 (25 mil novas vagas), dá para computar mais R$ 500 milhões em investimentos, já que o custo médio por novo emprego está na casa dos R$ 20 mil. Há ainda quem identifique uma expansão da economia dos países-sede. Mas isso não é consenso. “Crescimento econômico é algo difícil de prever com tanta antecedência. No fim das contas, a alta do PIB pode ficar próximo de zero”, afirma o economista Fábio Sá Earp, da UFRJ. A esperança são os benefícios de longo prazo, mais difíceis de medir. Um estádio novo, por exemplo, pode gerar um círculo virtuoso no bairro, bombando o comércio e elevando a arrecadação para fazer mais obras. Sem contar que o torneio pode aumentar o fluxo turístico e melhorar a imagem do país. Se tudo isso acontecer, aí, sim, quem sabe em algumas décadas a gente poderá dizer que sediar uma Copa é um bom negócio.

Camada mais grossa de gelo do Ártico desapareceu, afirma especialista.

“Conclusão é de David Barber, da Universidade de Manitoba, Canadá.
Seu navio quebra-gelo mapeou centenas de quilômetros de 'gelo podre'.Reuters / G1A cobertura de gelo plurianual do Oceano Ártico desapareceu, um acontecimento surpreendente que tornará mais fácil abrir rotas de navegação polar, afirmou um especialista.Vastos mantos impenetráveis de gelo plurianual, que podem atingir 80 metros de espessura, bloquearam por séculos o caminho de navios em busca de uma rota mais curta pela mítica Passagem Noroeste do Atlântico ao Pacífico. Eles também impossibilitavam a ideia de navegar pelo topo do mundo.'Eu nunca vi nada igual a isso em meus 30 anos de trabalho no Ártico' Mas David Barber, da cátedra de Pesquisa em Ciência do Sistema Ártico da Universidade de Manitoba, no Canadá, disse que o gelo estava derretendo a um ritmo extraordinariamente rápido."Estamos praticamente sem o gelo marinho plurianual no Hemisfério Norte", disse ele numa apresentação ao Parlamento. O pouco que restou está retido contra o arquipélago ártico do Canadá, distante das possíveis rotas de navegação.Os cientistas associam as temperaturas mais elevadas do Ártico e o derretimento do gelo marinho às emissões de gases que provocam o efeito estufa, causado pelo aquecimento global.”
Foto: Reuters, Yereth Rosen

Haiti até quando?

“A tragédia no Haiti cobra do mundo que conte a verdadeira história desse país. Os noticiários o tratam de nação mais pobre das Américas e do Caribe sem aprofundar as razões que o levaram a tão deplorável situação. Retrospectivas superficiais falam em ocupações, sem explicar os seus fins, e em sucessões de ditaduras, sem especificar quem as apoiava, como se o Haiti tivesse construído sozinho o seu próprio destino e de forma incompetente.Por trás desta superficialidade talvez ainda esteja o racismo dizendo que um país de negros não tem como dar certo. Falta contar que no Haiti aconteceu a única insurreição vitoriosa de escravos das Américas e que ele foi o primeiro país do mundo a abolir a escravidão. Inspirado pelos ideais iluministas que derrubaram a monarquia na França, o Haiti ousou ser um país independente e Toussaint L’Ouverture, um dos personagens mais notáveis da história, o imaginou aliado da França revolucionária no campo das idéias.Traído pelo ranço colonial francês que não tolerava um regime de igualdade no que fora sua mais próspera colônia nas Américas, Toussaint foi preso e morto antes de ver a independência completa de seu país. Ela viria pouco depois, em 1803, mas a um preço muito alto. Os regimes escravistas da Europa e dos Estados Unidos promoveram um bloqueio comercial de 60 anos, sufocando economicamente o país que tivera sua produção açucareira destruída na guerra de libertação. Para suspender esse bloqueio, o Haiti foi obrigado a assinar um acordo pelo qual pagaria à França uma indenização de 150 milhões de francos pela sua liberdade. O país pagou esta “dívida” de 1825 a 1888.”
Mair Pena Neto.

Estudo Aponta o Brasil como a 5ª economia mundial em 2030

“PIB dos sete principais países emergentes superará o do G7 em 2020. Motor do fortalecimento do E7 é o rápido crescimento da China.Do G1O Brasil será a quinta maior economia do mundo em 2030, pelos cálculos da consultoria PricewaterhouseCoopers, divulgados na quinta-feira (21), em Londres. Até lá, o país terá ultrapassado gigantes como Alemanha, Reino Unido e França.Os prognósticos econômicos indicam ainda que até 2020 o Produto Interno Bruto (PIB) do grupo de sete maiores emergentes - chamado E-7 e formado por China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia - será maior do que o do G-7. Cinco das dez maiores economias, até 2030, serão países hoje tidos como emergentes.O relatório leva em consideração o ritmo de crescimento e a valorização média das moedas de cada país para traçar perspectivas de médio e longo prazos. Para a PricewaterhouseCoopers, E-7 e G-7 terão pesos equivalentes por volta de 2019. A diferença de riquezas vem caindo - em 2000, o PIB dos sete países mais ricos do mundo era o dobro dos países hoje considerados emergentes pela consultoria - e, este ano, deve sofrer sua maior redução: 35%.Após a ultrapassagem, a distância seguirá aumentando: em 2030, o E-7 será 30% mais rico que Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália (G-7).”

Al Qaeda se fortaleçe na região do Saara.

Ignacio CembreroEm Madri (Espanha)
No mapa Norte da África e península arábica.
Eram mais de meia dúzia de nacionalidades diferentes, de marroquinos a líbios e tunisianos e também alguns saharauis nascidos na antiga colônia espanhola. Mas os chefes eram sempre argelinos. Os intérpretes, nigerianos, porque falam melhor o inglês. Wolfgang Ebner, o refém austríaco que passou quase nove meses sequestrado com sua mulher em 2008 no norte de Mali, viu mais de 70 terroristas da Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI).Três anos depois que os salafistas argelinos se converteram, com o beneplácito de Osama bin Laden, no ramo magrebino da Al Qaeda esse é provavelmente seu principal êxito: conseguiram se internacionalizar. O prestígio de que goza a organização fundada por Bin Laden atrai jovens do Magreb e de boa parte da África Ocidental.Umar Farouk Abdulmutallab, o nigeriano que tentou explodir no Natal um avião da companhia americana Northwest, nasceu em Lagos há 23 anos, mas sua família é originária do estado setentrional de Katsina. Um punhado de jovens desse norte muçulmano da Nigéria, na fronteira com o Níger, se incorporou à Al Qaeda."As condições sociais do norte da Nigéria tornam a região favorável à penetração do jihadismo islâmico da Al Qaeda", escreveu recentemente John Campbell, ex-embaixador dos EUA em Abuja e membro do Conselho de Relações Exteriores. Apesar de tudo, os nigerianos não são numerosos no grupo terrorista. Os jovens mais radicais do país mais populoso da África preferem se afiliar a seitas fundamentalistas como Boko Haram, a mais ativa.A AQMI atua basicamente em dois cenários. No norte da Argélia, onde suas tropas são majoritariamente argelinas, mas contam em suas fileiras com alguns mujahedin de países vizinhos. No sul da Argélia e nos três países fronteiriços (Mauritânia, Mali e Níger), onde suas forças são mais cosmopolitas, embora seu principal responsável, Abdelhamid Abu Zeid, e seus comandos médios sejam argelinos. No norte, a organização aplicou seu maior golpe em Argel em 11 de abril de 2007, com a explosão de dois edifícios, um dos quais abrigava instituições da ONU. Esses atentados deixaram 30 mortos, segundo o balanço oficial, e 72 segundo o jornal "El Watan". Desde então não voltaram a atacar na capital.A Al Qaeda está em declínio nos subúrbios de Argel ou na região de Cabília (nordeste). O exército matou em 2009, segundo o jornal "Liberté" - não há cifras oficiais -, cerca de 200 terroristas, incluindo sete emires, ou chefes de bandos. No entanto, estes conseguiram assassinar cerca de 120 militares e policiais. A cifra parece elevada, mas diminui a cada ano.O terrorismo islâmico perde fôlego no norte da Argélia, e apesar de ter feito algum avanço no Marrocos e sobretudo na Tunísia não consegue se implantar nos grandes países do Magreb. Esse era, no entanto, o principal objetivo dos salafistas argelinos quando mudaram de nome para batizar-se com a sigla AQMI. Mas nem tudo são fracassos na curta história da Al Qaeda no Magreb. De dezembro de 2008 até o mês passado a colheita de reféns ocidentais - 12 foram capturados, dos quais cinco foram libertados, um assassinado e seis continuam cativos - foi aumentando.Os resgates pagos pelos governos em 2009 para obter a libertação de seus cidadãos beiram os 10 milhões de euros, segundo estimativas coincidentes. Equivalem às receitas anuais geradas pelo turismo no norte de Mali, incluindo a mítica cidade de Tumbuctu. A esse valor deve-se acrescentar o que pagarão a Espanha, a Itália e talvez a França em troca da liberdade de seus seis cidadãos atualmente presos pela AQMI."Ultimamente constatamos que o dinheiro dos resgates vai para o financiamento das redes terroristas", lamentou o ministro adjunto das Relações Exteriores da Argélia, Abdelkader Messahel, no jornal "L'Expression" de Argel. Isso significa que o terrorismo no norte da Argélia ressurgirá graças ao dinheiro arrecadado no Sahel?O presidente de Mali, Amadou Toumani Touré, respondeu diversas vezes à acusação velada de Messahel de facilitar o pagamento dos resgates. "O que é certo é que os salafistas não são malienses", declarou ao jornal argelino "El Watan". "Vêm de algum lugar, não?", perguntava-se, referindo-se à Argélia. "Por que países que possuem mais meios que o Mali não conseguem impedi-los de atravessar a fronteira?"Os sequestros não são a única fonte de financiamento. Antonio Maria Costa, diretor do órgão da ONU de combate ao narcotráfico, declarou em dezembro ao Conselho de Segurança: "Temos provas de que os fluxos de drogas ilícitas - a heroína no leste da África e a cocaína no oeste - se juntam no Saara e seguem novos itinerários através de Chade, Nigéria e Mali". Além do crime organizado, "os terroristas e as forças antigovernamentais se alimentam dos recursos desse tráfico".Além da caça e captura de ocidentais, 2009 também foi fértil em atentados e confrontos armados: o assassinato de um americano e a tentativa de explosão da embaixada da França na Mauritânia; a matança de 28 soldados e o assassinato de dois oficiais da inteligência militar em Mali; o assassinato, há uma semana, de quatro turistas sauditas no oeste do Níger, etc.Em agosto de 2008, quando o general mauritano Mohamed Ould Abdelaziz derrubou o presidente eleito democraticamente, França e Espanha, os principais parceiros europeus da Mauritânia, foram benevolentes. O governo espanhol foi contra sancionar o ditador porque, segundo argumentou, estava vigente com Nuakchot um acordo de pesca e porque se contava com ele para combater eficazmente a emigração clandestina e o terrorismo.Nesse âmbito as coisas foram pior. A polícia mauritana nem sequer seguiu as pistas deixadas pelo veículo todo-terreno em que a Al Qaeda transportou seus reféns espanhóis em 29 de novembro. O general Abdelaziz teve de destituir o chefe desse corpo, general Ahmed Ould Bekrine. Agora o Ministério das Relações Exteriores, em seu site na web, desaconselha os espanhóis a viajar a qualquer lugar do país magrebino.Apesar dessas falhas, a Mauritânia é o menos frágil dos países do Sahel. Mali, Níger e Chade são Estados paupérrimos ou semifalidos, cujos governos não controlam parte de seus imensos territórios. Em Mali, a rebelião tuaregue no norte do país está por enquanto apaziguada, mas em seus dois vizinhos orientais há regiões em permanente insurreição.Os receios e a falta de meios fazem que os Estados do Sahel não cooperem muito entre si para erradicar o terrorismo e o crime organizado. Seus vizinhos do norte, sobretudo Argélia e Marrocos, também não se coordenam. As rivalidades políticas e o conflito do Saara Ocidental o impedem. As más relações entre os países do Magreb repercutem negativamente sobre a segurança da Europa meridional.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
DER SPIEGEL

Medos da "Eurábia":Até que ponto a Europa pode suportar Alá?

Medos da "Eurábia": até que ponto a Europa pode suportar Alá?Andrea Brandt, Marco Evers, Juliane von Mittelstaedt, Mathieu von Rohr e Britta Sandberg.
A recente votação na Suíça que culminou na proibição da construção de novos minaretes chocou e enfureceu muçulmanos em todo o mundo. Mas a medida polêmica também reflete uma sensação crescente de desconforto entre outros europeus que sentem dificuldades em aceitar a visibilidade cada vez maior do islamismo.Na pequena cidade suíça de Langenthal, a batalha em torno dos minaretes tem sido travada, e não parece haver esperança de reconciliação entre vitoriosos e derrotados. "Eu me sinto vítima de abuso e ferido como pessoa", queixa-se Mutalip Karaademi. "Nós queríamos atingir um símbolo", afirma Daniel Zingg. "E nós o atingimos".Zingg impediu a construção do minarete desejado por Karaademi, e conseguiu fazer com que se tornasse ilegal a construção de qualquer outro minarete na Suíça. Ele foi um dos autores do texto do referendo que foi aprovado pelos suíços em 29 de novembro último, com 57,5% dos votos. Agora a constituição trará a seguinte sentença: "É proibida a construção de minaretes".A decisão suíça chocou a Europa e o mundo porque os seus desdobramentos vão bem além da construção de minaretes - eles dizem respeito também à identidade de um continente inteiro. Este foi um referendo sobre a percepção ocidental do islamismo como uma ameaça.A questão está gerando intensos debates: até que ponto a Europa preponderantemente cristã está preparada para aceitar o islamismo? A decisão tomada por este país alpino tradicionalmente tolerante revela o temor profundo quanto a um islamismo que está se tornando cada vez mais visível.Os imigrantes muçulmanos estão ameaçando os valores europeus? Esta é uma preocupação compartilhada por muitos europeus em todo o continente. Pesquisas de opinião conduzidas na semana passada revelaram que 44% dos alemães e 41% dos franceses opõem-se à construção de minaretes. E 55% de todos os europeus veem o islamismo como uma religião intolerante.A decisão dos suíços revelaria uma atitude que a maioria dos europeus também apoiaria caso tivesse oportunidade?Críticas veementes
Isso explicaria também por que as críticas à votação foram tão veementes. O ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, os Estados Unidos e o Vaticano uniram-se nas críticas.Eles disseram que a votação suíça violou os princípios de liberdade de religião e de não discriminação. O ministro da Turquia na União Europeia pediu aos muçulmanos que invistam o seu dinheiro na Turquia, em vez de na Suíça, e o primeiro-ministro turco Tayyip Erdogan disse que o fato reflete "uma posição cada vez mais racista e fascista na Europa".Mas a votação foi bem recebida e comemorada em alguns blogs da Internet, e populistas de direita como o presidente do holandês Partido pela Liberdade, Geert Wilders, bem como o partido direitista francês Frente Nacional manifestaram a sua aprovação. Roberto Castelli, um político importante da italiana Liga Norte, afirmou: "Os suíços nos deram mais uma vez uma aula de civilização. Nós temos que mandar um recado forte para conter a ideologia pró-islâmica".Por ora, o que se conteve foi o minarete da comunidade religiosa muçulmana de Langenthal. Mutalip Karaademi, 51, um indivíduo de etnia albanesa que imigrou da Macedônia 26 anos atrás, está de pé em frente à instalação usada pela sua associação religiosa. O prédio é uma antiga fábrica de tinta na periferia da cidade. No topo há uma construção de madeira medindo 6,1 metros. Ela mostra a altura do minarete planejado. O primeiro minarete, que não pode ser construído.Karaademi é o líder da comunidade muçulmana local, cujos 130 membros vieram da Albânia, do Kosovo e da Macedônia. A pequena mesquita foi inaugurada 18 anos atrás. No início o minarete não era muito importante, diz Karaademi. Ele era simplesmente um complemento ornamental. Mas agora ele transformou-se em uma questão de princípios.Ele deseja tomar providências legais - se necessário, ir até ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, onde é bastante possível que os juízes em Estrasburgo acabem revertendo a decisão constitucional suíça. Karaademi diz adorar a Suíça, que para ele é um modelo de país. "Mas esta proibição é racista e nos discrimina. É um escândalo para o mundo civilizado", queixa-se ele.
A batalha de um só homem
O tranquilo vencedor desta batalha é Daniel Zingg, 53, um homem calvo que usa óculos de metal. Ele está sentado em uma pizzaria em frente à estação ferroviária de Langenthal, e conversa em uma voz rouca e baixa. "Os minaretes, aquelas pontas de lança da Sharia, aqueles marcos de território recém-conquistado pelo islamismo, não podem mais ser construídos aqui", diz ele."E, dessa forma, a Suíça resolveu um problema que já havia se tornado aparentemente insolúvel em outros lugares, tais como nas grandes cidades da Inglaterra e da França. É um fato bem conhecido que primeiro chegam os minaretes, depois os muezins, os indivíduos que convocam os crentes às preces, as burcas e, finalmente, a lei Sharia", diz ele. Segundo Zingg, a proibição não é dirigida contra os muçulmanos, embora seja verdade que "o Alcorão delega às pessoas a missão de islamizar o mundo, e os muçulmanos daqui não tem nenhuma outra missão, caso contrário, eles não seriam muçulmanos".Nos últimos 15 anos, Zingg tem dado palestras de apoio a Israel e contra o islamismo. Ele é um político do ultraconservador partido cristão do país, a União Democrática Federal, que recebeu 1,3% dos votos na última eleição. Ele nunca pôs o pé na mesquita da sua cidade porque ouviu falar que quem quer que ande descalço em uma mesquita torna-se muçulmano. Zingg não quer correr esse risco.Alguém pode perguntar como um homem como esse, cujas posturas radicais certamente não refletem a opinião majoritária na Suíça, foi capaz de obter uma maioria para a sua causa. Além disso, muita gente pode querer entender por que um país que tem pouquíssimos problemas com os seus cerca de 400 mil muçulmanos decidiu tomar uma medida tão drástica.Talvez os temores estejam aumentando e as demandas radicais estejam se tornando cada vez mais populares porque praticamente não há discussão política a respeito do lugar que o islamismo assumirá na Europa.Atualmente, vivem na União Europeia cerca de 15 milhões de muçulmanos, ou aproximadamente 3% da população. Mas este número é maior do que o registrado em qualquer período passado. Os imigrantes, muitos dos quais vieram como trabalhadores convidados década atrás, trouxeram o islamismo para a Europa.Será que a Europa ainda seria a Europa se, por exemplo, em 2050, a maioria da população mais jovem com menos de 15 anos de idade na Áustria fosse composta de muçulmanos? Ou quando, atualmente, o nome Muhammad (Maomé) já é o mais comum entre os garotos recém-nascidos em Bruxelas e Amsterdã, e o terceiro mais comum na Inglaterra?
Uma "discussão oficial sobre o islamismo" e uma discussão subterrânea
O escritor e jornalista norte-americano Christopher Caldwell publicou recentemente a sua última obra, "Reflections on the Revolution in Europe: Immigration, Islam and the West" ("Reflexões sobre a Revolução na Europa: Imigração, Islamismo e o Ocidente"), um livro altamente lido e permeado de ceticismo sobre a Europa e os seus imigrantes muçulmanos.O que o fascina a respeito do resultado da votação suíça é a contradição entre a rejeição do banimento dos minaretes nas pequisas e o apoio considerável que a proposta recebeu durante o referendo. "Isso significa que existe uma discussão oficial sobre o islamismo e, ao mesmo tempo, uma discussão subterrânea", afirma Caldwell. "Isso deveria preocupar os europeus".Caldwell não usa no seu livro os mesmos tons alarmistas de outros escritores conservadores que apelidaram o continente europeu de "Eurábia", e que veem a Europa - devido à taxa de natalidade mais elevada dos imigrantes - como um futuro bastião do "império mundial islâmico". Mas ele também escreve: "Não há dúvida de que a Europa emergirá mudada dessa confrontação com o islamismo. Mas há muito mais incerteza quanto à possibilidade de o islamismo mostrar-se assimilável".Caldwell acredita que os imigrantes muçulmanos têm tido maiores dificuldades do que outros grupos para se integrarem à sociedade europeia. Por outro lado, somente uma minoria consegue se identificar com o islamismo político, até por causa das guerras que o Ocidente tem travado contra o terrorismo islâmico no decorrer dos últimos anos. Por outro lado, a religião desses indivíduos está vinculada a atitudes conservadoras em relação às mulheres, às relações familiares, à liberdade sexual e aos direitos de gays e lésbicas. Essas atitudes religiosas são problemáticas para muitos europeus.Caldwell diz que, apesar de os muçulmanos constituirem-se em uma pequena minoria, a Europa está modificando as suas estruturas por causa deles: "Quando uma cultura insegura, maleável e relativista encontra uma cultura que é ancorada, confiante e fortalecida por doutrinas comuns, é geralmente a primeira que muda para adequar-se à última".
Parte Dois: Temores Generalizados na Alemanha
A Alemanha ainda não conduziu um debate nacional sério sobre essas questões. Em vez disso, o país tem se concentrado nos lenços de cabeça muçulmanos, um tópico que gerou um choque entre as duas culturas.Durante seis longos anos os alemães tentaram determinar se uma professora do Afeganistão deveria ter permissão para usar um lenço de cabeça na sua escola em Baden-Württemberg. O caso acabou chegando ao Tribunal Constitucional Alemão, que determinou que cabe aos Estados individuais emitirem legislações sobre os lenços de cabeça. Desde então, professoras da metade dos 16 Estados da Alemanha foram proibidas de usar os lenços.Quando houve conflitos - como aqueles em torno da construção de mesquitas -, estes ocorreram em um nível municipal. E isso geralmente levou a soluções bem alemãs, nas quais os planos de construção e de regulamentações de áreas desempenham um grande papel.Na cidade de Kehl, próxima à fronteira francesa, por exemplo, propostas para a construção de uma mesquita em uma área residencial foram rejeitadas. No entanto, ela pôde ser construída perto da estação ferroviária, tendo um minarete com a altura exata da torre da igreja. Já em outras situações, nem mesmo um pequeno minarete pôde ser construído, como em Augsburg, na Baviera. Enquanto isso, fracassou uma iniciativa dos cidadãos de Colônia de impedir a construção de uma grande mesquita central - uma das maiores da Europa.Mas, não obstante, há temores generalizados na Alemanha, conforme foi ilustrado pelo exemplo de uma igreja em Duisburg que foi recentemente convertida em mesquita. Membros da antiga congregação da igreja entregaram cerimoniosamente a casa de orações aos seus novos donos: "Mas nos pubs e nas conversas privadas, todo mundo reclamou, afirmando que os muçulmanos estão conquistando o poder na Alemanha", diz Rauf Ceylan, um professor de estudos religiosos da Universidade de Osnabrück. Ele afirma que os alemães têm um medo latente do islamismo.
O paradoxo britânico
O Reino Unido é o exemplo mais perturbador citado por vários pessimistas. Embora apenas pouco menos de 3% da população britânica seja muçulmana, em sua maioria vinda do Paquistão e de Bangladesh, em nenhum outro país da Europa tantos muçulmanos vivem totalmente isolados do resto da sociedade - em cidades como Bradford, Dewsbury e Leicester.A maior parte dos antigos residentes originais - ingleses da classe operária - mudou-se há muito tempo do distrito de Bury Park, em Luton, que fica 50 quilômetros ao norte de Londres. As ruas do lugar estão repletas de mulheres usando niqabs, o véu islâmico de face inteira que traz apenas uma pequena abertura para os olhos, e de homens com barbas grisalhas.Há também açougueiros halal (sistema de abate de animais segundo as leis muçulmanas) e dez mesquitas. Um minarete feito de tijolos ingleses vermelhos foi adoravelmente integrado a uma fileira de casas. Os muezins convocam os fiéis às preces por meio de alto-falantes.Nas ruas, os moradores falam bengali ou urdu. O centro comunitário oferece cursos de naturalização. As mesquitas ministram cursos anti-terrorismo financiados pelo Estado que são elaborados para imunizar os jovens muçulmanos contra a propaganda dos extremistas. Antigamente o bairro costumava ser frequentado por religiosos muçulmanos convidados que pregavam o ódio, e foi daqui que saíram os quatro militantes suicidas para atacar o sistema de transporte de Londres e matar 52 pessoas em 7 de julho de 2005.Mas muitos muçulmanos de segunda, terceira e quarta geração já se mudaram há muito tempo deste lugar. Eles têm alto nível educacional, possuem cidadania britânica, e trabalham como médicos, advogados e políticos.O Estado britânico fez mais no sentido de acomodar as necessidades culturais dos seus cidadãos muçulmanos do que qualquer outro país europeu. Policiais femininas muçulmanas têm permissão para cobrir o cabelo com lenços. O lenço faz parte do uniforme delas.Durante os últimos dois anos, os muçulmanos britânicos têm podido também recorrer a tribunais de arbítrio muçulmanos que são baseados na lei Sharia. As decisões desses tribunais têm peso legal para ambas as partes em um conflito. Se necessário, um funcionário do judiciário britânico faz cumprir a sentença. Esta prática é única na Europa.Esses tribunais de arbítrios foram criados pelo xeque Faiz-ul-Aqtab Siddiqi. Atualmente os seus tribunais de lei Sharia analisam casos em sete cidades inglesas e nada têm a ver com decepar mãos ou apedrejar pessoas até a morte. Eles só lidam com disputas civis, e somente se ambas as partes concordarem com o processo.Esses tribunais reuniram-se cerca de 600 vezes nos últimos 12 meses, lidando principalmente com disputas entre parceiros empresariais, problemas de bairros e até mesmo questões de herança. Segundo Siddiqi, eles têm permitido que os muçulmanos britânicos sejam capazes de identificar-se mais fortemente com o Reino Unido.Até que ponto o islamismo pode ser visível na França?Jocelyne Cesari, uma especialista francesa em islamismo, diz que a situação britânica é um paradoxo: "Por um lado, há uma próspera classe média muçulmana, e, ao mesmo tempo, aquele é o país com o maior número de muçulmanos vivendo em distritos isolados e adotando as posições mais radicais".Ela não vê problemas nos tribunais de arbítrio baseados na lei Sharia, contanto que eles não conflitem com as leis tradicionais do país. Segundo Cesari, compromissos são aceitáveis em áreas que conflitem com os direitos da maioria e não desrespeitem nenhuma lei."O multiculturalismo não significa que a velha maioria estabelecida tenha direitos especiais", afirma ela, acrescentando que o postulado de Caldwell de que o islamismo é incompatível com os valores europeus é uma mistura de meias verdades e preconceitos: "Os muçulmanos estão sem dúvida preparados para se adaptarem - eles adotam com frequência uma postura crítica em relação à sua própria religião".Mas Cesari diz que existe uma luta em torno do reconhecimento simbólico do islamismo: "Durante as primeiras décadas, os muçulmanos criaram modestas salas de orações. Agora eles desejam ter instalações que compitam com as igrejas e catedrais da Europa". Ela afirma que, como o cristianismo tem se afastado cada vez mais da esfera pública, muitos europeus veem as mesquitas como uma provocação.Atualmente a França está procurando determinar oficialmente até que ponto o islamismo pode ser visível dentro das fronteiras do país. Esse debate está ocorrendo em uma sala sem janelas do subsolo de um edifício parlamentar em Paris. Cadeiras de couro escuro estão arrumadas em círculo, e na frente da parede principal de madeira senta-se André Gerin, o diretor do comitê parlamentar que investiga a questão do "uso dos véus de corpo inteiro".Gerin, um comunista, é prefeito do subúrbio de Vénissieux, em Lyon, há mais de 24 anos. Ele usa um terno cinza de listras finas com calças que estão meio curtas. Gerin diz que fez pressões para a criação deste comitê porque a burqa está ameaçando os ideais republicanos da França.À direita de Gerin, sentado em frente aos membros do comitê, está Tariq Ramadan, um controverso e inteligente filósofo e teólogo muçulmano que tem cidadania suíça. Ramadan usa um terno escuro e exibe uma barba de três dias. Ramadan se opõe a uma lei que proibiria o uso da burqa porque, segundo ele, isso só estigmatizaria o islamismo."Monsieur Ramadan", diz Gerin, formulando a sua primeira questão. "O uso da burqa é uma obrigação religiosa? Ou você vê - assim como nós - esta prática como uma forma de opressão da mulher?"."Não", responde Ramadan. "Não existe obrigação de se usar a burqa e sem dúvida há homens que obrigam as suas mulheres a usar essa veste contra a vontade delas. Mas uma lei só provocaria mais isolamento"."Sendo assim, o que você sugere?", indaga o diretor da comissão. "A aplicação das leis existentes", diz Ramadan. "É claro que uma mulher que usa a burqa teria que mostrar a face durante uma verificação de identidade. Mas precisamos entender finalmente que o islamismo tornou-se uma religião francesa".Ramadan é o 145º especialista a ser entrevistado. Durante anos ele tem defendido um islamismo autoconfiante na Europa, adaptado às demandas da era moderna e compatível com as conquistas europeias como o respeito aos direitos humanos e a democracia. Os seus oponentes acusam Ramadan de ser um mentiroso hipócrita que estaria tentando transmitir uma falsa sensação de segurança à população europeia.Os europeus reduzem o islamismo à burca?Gerin gostaria de iniciar um debate sobre até que ponto a França - com a sua separação estrita entre igreja e Estado - está disposta a aceitar o islamismo. Ele afirma que só está usando a burca como um catalizador. O serviço de inteligência interna da França identificou apenas 367 mulheres em todo o país que usam burqa. De todos os problemas associados aos seis milhões de muçulmanos do país, as burqas são provavelmente o menor deles.Muitos religiosos muçulmanos acusam os europeus de reduzirem o islamismo à burqa, a burqa ao Taleban, e o Taleban a Osama Bin Laden. Esses indivíduos afirmam que as pessoas falam sobre eles como se todos fossem radicais islamitas, e não já estivessem morando no país há décadas.Mas Gerin alcançou o seu objetivo. Na sua sala de audiências a República Francesa está lutando com a exceção à regra - em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade."Como podemos aceitar ataques à liberdade pessoal de qualquer pessoa no nosso país? Como é que os governantes não têm respostas para essas questões? Como isso é possível na França secular?", questiona Gerin.Gerin é um comunista que move uma campanha para defender os ideais republicanos, e um prefeito que defende a sua cidade. Mas ele é também um realista: "Estamos cerca de 25 anos atrasados, mas nós temos que finalmente aceitar que os muçulmanos têm o direito de estabelecerem-se aqui", diz ele. "Mas eles terão que se adaptar à nossa sociedade".O debate francês sobre a burqa tem algo em comum com a proibição dos minaretes na Suíça: ambos estão atacando um símbolo, mas eles têm um outro objetivo. Eles são movidos pela esperança de que possam reduzir a influência do islamismo ao limitar a sua visibilidade. É mais fácil lutar quanto a questões sensíveis do que lidar com problemas concretos - discutir a respeito de meninas que não participam de aulas de natação, comida halal em refeitórios de companhias e orações durante a jornada de trabalho. Isso é também uma estratégia bastante impotente.Um "choque de culturas" na BélgicaEm Antuérpia e em vários outras cidades belgas, há anos as mulheres são proibidas de cobrir as faces. A polícia já advertiu várias mulheres que usavam niqabs e burqas. Mas na verdade faz muito tempo que a proibição não é um problema neste país - de fato, é difícil encontrar muçulmanos que se irritem com isso.Por outro lado, os lenços de cabeça islâmicos têm sido motivo de grande controvérsia em Antuérpia. Esta é uma cidade portuária cosmopolita, mas nas recentes eleições locais um terço dos eleitores apoiaram o Vlaams Belang (Interesse Flamengo), um partido político de direita que possui uma plataforma anti-imigração. Três anos atrás, um prefeito socialista foi o primeiro a proibir os lenços de cabeça no setor público. Desde setembro essa proibição inclui também os alunos de escolas.Karin Heremans, 46, é a diretora do Royal Antheneum de Antuérpia, uma famosa escola de segundo grau que lembra uma fortaleza no centro de Antuérpia. Ela é loura e usa um vestido de seda curto e batom rosa, o que faz com que tenha uma aparência oposta à das garotas da sua escola, a maioria das quais é muçulmana. Elas usam camisas de gola alta e lenços de cabeça, pelo menos até chegarem ao espelho que está pendurado no salão de entrada, onde as meninas têm que tirar os lenços de cabeça.Quando se tornou diretora da escola em 2001, apenas dez dias antes dos ataques terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos, Heremans jamais teria achado que um dia proibiria os lenços de cabeça. Mas foi naquele momento que irrompeu o "choque de culturas", conforme ela denomina o fenômeno, e com esse termo ela não se refere ao choque no mundo externo, mas ao conflito dentro do pátio da sua própria escola.No início, os professores continuaram falando às alunas sobre Darwin, e havia desfiles de moda e até mesmo uma viagem de campo a Istambul. Tudo parecia possível. Em 2005, Heremans chegou a escrever um livro no qual rejeitava uma proibição dos lenços de cabeça e dizia acreditar que as diferenças culturais são enriquecedoras.Mas um número cada vez maior de escolas em Antuérpia proibiu os lenços de cabeça, e mais e mais garotas foram transferidas para o Antheneum. Esta foi a última escola a não impor a proibição. Finalmente, as meninas passaram a vir para a escola totalmente cobertas, dos pés à cabeça, com casacos longos e luvas, e um representante de uma organização islâmica ficava na entrada e observava quais delas removiam os lenços na escola."Nós trocamos a palavra tolerância por reciprocidade", diz Heremans. "Todos os que desejarem liberdade de religião precisam respeitar a liberdade de religião dos outros". É preciso haver valores inalienáveis, como igualdade entre os sexos, liberdade de expressão e religião e respeito, diz ela. Poucos dias após Heremans decretar a sua proibição, a diretoria da escola aprovou a medida. A partir do ano que vem, os lenços de cabeça - e todos os outros símbolos religiosos - estarão proibidos em todas as 700 escola públicas de Flandres. Agora muitas garotas frequentam escolas islâmicas ou estudam apenas em casa.
O maior desafio da Europa?A polêmica em torno do lenço de cabeça em Antuérpia é um dos últimos exemplos das questões com as quais a Europa se defronta. Será que o continente será capaz de preservar os seus valores - e liberdades - limitando as liberdades pessoais?Lidar com o islamismo talvez seja o maior desafio com o qual a Europa se depara. Se o continente for capaz de preservar os seus próprios valores sem discriminar os muçulmanos, um consenso quanto a valores poderá ser alcançado e os muçulmanos europeus poderão tornar-se um modelo para o mundo muçulmano. No entanto, caso fracasse, a Europa poderá trair os seus próprios valores, e os populista poderão vencer. As soluções simplistas destes últimos atiçarão as chamas do choque de culturas.Há vários argumentos contra os alarmistas que temem que a Europa esteja a caminho de tornar-se uma colônia árabe. A vasta maioria dos muçulmanos se adapta ao seu novo país, é menos religiosa do que nos seus países de origem e aceita a cultura predominante. Além disso, os temores quanto às elevadas taxas de natalidade dos imigrantes muçulmanos mostraram-se exagerados. Na segunda e na terceira gerações, esses índices caem para a média nacional.Mas às vezes os medos são mais poderosos do que os fatos, e com frequência uma proibição de minaretes não tem nada a ver com minaretes. Nas cidades suíças onde muçulmanos e cristãos coexistem há muito tempo, a iniciativa não conseguiu obter a maioria dos votos. No cantão montanhoso de Appenzell-Innerrhoden, onde só ha 500 muçulmanos, 71% dos votos foram favoráveis à proibição dos minaretes.Já em Langenthal, uma pequena cidade rural na qual havia planos para a construção de um minarete, o índice de apoio à proibição foi quase exatamente igual à media nacional suíça.
Tradução: UOL

Brasil, mostra a tua cara...

Galáxias-O que são e classificação

Galáxias são um enorme conjunto de estrelas e de matéria interestelar que mantém a unidade devido à ação da gravidade. A palavra se origina do grego "galaksias", que significaria algo como "círculo lácteo". O próprio termo sugere que a noção foi elaborada a partir da Via Láctea, uma espécie de faixa luminosa, de aspecto leitoso, observada no céu estrelado.
Em 1755, o filósofo alemão Immanuel Kant intuiu que a Via Láctea não era um sistema único e que deveriam existir outros mundos estelares, a que chamou de "universos-ilhas". Em 1920, a hipótese de Kant foi comprovada pelas onservações do astrônomo norte-americano Edwin Powell Hubble.
Basicamente, as galáxias são divididas em quatro categorias: elípticas, espirais, espirais barradas e irregulares.

Elípticas: É o tipo mais comum, contém principalmente estrelas velhas e sua forma varia da de uma bola de futebol americano para a de um ovo.




Espirais: São galáxias achatadas com um núcleo central de estrelas velhas. Estrelas novas formam-se das nuvens de gás nos braços espirais.




Espirais barradas: Têm o núcleo alongado em forma de barra, de cujas extremidades se formam as espirais. Atualmente, crescem as evidências de que a Via Látea se enquadra nessa categoria.





Irregulares: Não seguem padrões e são as mais raras. Algumas apresentam semmelhanças com as espirais ou elípitcas.


Consideradas como constituintes fundamentais do Universo, dezenas de milhares de galáxias são conhecidas atualmente. Trata-se de sistemas muito vastos cujo diâmetro médio é da ordem de 100.000 anos-luz, contendo em média 100 bilhões de estrelas, gás (0 a 30% da massa total) e poeira. A Via Láctea (abaixo) é a galáxia em que se encontra o Sistema Solar, isto é, a "nossa" Galáxia.

Fronteiras brasileiras-Os limites do nosso território

O Brasil é o maior país da América do Sul, com um território que se estende por cerca de 47% da porção centro-oriental do continente sul-americano. Banhado a leste pelo oceano Atlântico, o Brasil possui 23.102 km de fronteiras, sendo 15.735 km terrestres e 7.367 km marítimas. Com uma área superior a 8.500.000 quilômetros quadrados, antes mesmo de ser uma nação soberana, nosso território começou a ser delimitado pelos tratados de Madri (1750) e Santo Ildefonso (1777), que estabeleciam a separação das terras espanholas e portuguesas na América. A formação do atual território do Brasil, contudo, remonta ao século 14, início da chamada Era dos Descobrimentos, quando as monarquias ibéricas mostravam-se pioneiras nas grandes navegações. Nossas fronteiras foram definidas com base nas características naturais da paisagem, como rios e lagos, ou em acidentes topográficos, como montanhas, serras e picos elevados. Somente nos lugares em que não havia possibilidade de se aplicar esse recurso demarcatório é que foram utilizadas as linhas geodésicas, que correspondem às linhas traçadas no terreno tendo como referências as coordenadas geográficas: paralelos e meridianos. A determinação dos nossos limites territoriais - tanto os que separam internamente os estados, quanto os que marcam a separação do Brasil de seus vizinhos - é definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1944. A partir de 1991, com a modernização da tecnologia, os limites passaram a ser determinados por satélites de posicionamento, com a criação do Sistema de Posicionamento Global (GPS). Os definidores das fronteiras brasileiras são: rios = 50%; serras = 25%; lagos = 5%; linhas geodésicas = 20%.
Fronteira terrestre-A fronteira terrestre representa cerca de 68% de toda a extensão dos limites territoriais brasileiros, colocando o Brasil em contato com dez outras nações sul-americanas. Com exceção do Chile e do Equador, todos os países da América do Sul fazem fronteira com o Brasil:
Ao norte: Suriname, Guiana, Venezuela e um território pertencente à França, a Guiana Francesa.
A noroeste: Colômbia.
A oeste: Peru e Bolívia.
A sudoeste: Paraguai e Argentina.
Ao sul: Uruguai.
Os mais de 15.000 km de fronteiras continentais abrangem terras de três grandes regiões brasileiras, sendo a maior delas a Região Norte, que corresponde a cerca de dois terços de toda essa extensão. Os estados que mais se destacam são o Amazonas e o Acre.A segunda região em destaque é a Região Sul, com uma extensão fronteiriça de quase 2.500 km no continente, tendo como estado que mais se destaca o Rio Grande do Sul. A terceira é a Região Centro-Oeste, sendo o estado de maior extensão fronteiriça o Mato Grosso do Sul.
Fronteira marítima-A fronteira marítima estende-se da foz do rio Oiapoque, no cabo Orange, na divisa do Amapá com a Guiana Francesa, ao norte, até o arroio Chuí, na divisa do Rio Grande do Sul com o Uruguai, ao sul.A linha costeira do Brasil tem uma extensão de 7.367 km, constituída principalmente de praias de mar aberto, e corresponde a 32% de toda a extensão fronteiriça nacional, o que representa um fator propício ao desenvolvimento econômico, pois a grande diversidade de paisagens litorâneas favorece a instalação de portos, o desenvolvimento da pesca e a exploração de recursos energéticos encontrados nas profundezas marinhas, como petróleo e gás natural.Com exceção da Região Centro-Oeste, todas as outras regiões têm fronteiras no Atlântico; sendo a Região Nordeste a que tem maior extensão litorânea. O estado brasileiro com o litoral mais extenso é a Bahia, e o que possui menor extensão litorânea é o Piauí. A segunda região de maior extensão litorânea é a Região Sudeste.Para tratar dos assuntos de limites internacionais, o Ministério das Relações Exteriores mantém na Secretaria de Estado (em Brasília) a Divisão de Fronteiras (DF), que coordena as atividades de duas Comissões Técnicas: - a Primeira Comissão Brasileira Demarcadora de Limites (PCDL), sediada em Belém (Pará), encarregada das atividades nas fronteiras do Brasil com Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa; e- a Segunda Comissão Brasileira Demarcadora de Limites (SCDL), sediada no Rio de Janeiro, encarregada das atividades nas fronteiras do Brasil com o Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia.
*Ronaldo Decicino é professor de geografia do ensino fundamental e médio da rede privada.

América do Norte-Estados Unidos

Conheça os 50 Estados da União norte-americana
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
(em inglês, United States of America (USA ou US; abreviatura em português: EUA)


Compreendendo grande parte da América do Norte, limita-se a norte com o Canadá, a leste com o oceano Atlântico, a sul com o golfo do México e México, e a oeste com o oceano Pacífico. Os Estados Unidos da América originaram-se de 13 colônias britânicas estabelecidas na costa atlântica da América do Norte no século 17. Em 1776, a Revolução Americana de independência pôs fim à colonização. Os Estados Unidos da América são o 4º maior país do mundo, e o 3º mais populoso. São uma República Federal democrática e presidencialista, formada por 50 Estados, mais o Distrito de Columbia. Cada Estado, por sua vez, está dividido em condados (com exceção da Luisiana, em que as subdivisões se chamam "paróquias", parishes, em inglês). Os Estados Unidos possuem vários territórios e possessões insulares ultramarinas. A maior delas é a ilha de Porto Rico. Outros territórios ultramarinos de importância incluem a Samoa Americana, Guam, ilhas Marianas do Norte e as ilhas Virgens Americanas. A marinha norte-americana têm ocupado uma base militar na baía de Guantânamo, em Cuba, desde 1898. A Constituição americana foi adotada por uma convenção dos 13 Estados fundadores em 17 de setembro de 1787, e ratificada subseqüentemente por diversos Estados.


Clique no mapa para saber mais sobre cada Estado:

Área total: 9.631.418 km2
População: 295.734.134 (estimativa para julho/ 2005)
Independência: 4 de Julho de 1776
Moeda: Dólar americano (US$ / USD)


Brasil assume vaga provisória no Conselho de Segurança da ONU

Da Agência Brasil-Em Brasília
A partir deste ano o Brasil ocupará, por 24 meses, uma vaga provisória no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em substituição à Costa Rica. Mas o esforço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é para conseguir que o Brasil ocupe um dos assentos permanentes do conselho. Em cada reunião com autoridades estrangeiras, Lula reitera o pleito brasileiro.Os outros quatro novos integrantes do conselho, ao lado do Brasil, são a Bósnia Herzegovina, o Gabão, o Líbano e a Nigéria. Por dois anos, a presidência do órgão ficará a cargo da China. A primeira reunião de 2010 será realizada ainda esta semana sob o comando do embaixador chinês Zhang Yesui.O conselho reúne 15 integrantes, dos quais cinco são permanentes e dez eleitos pela Assembleia Geral da ONU para um período de dois anos. Os membros permanentes são a China, os Estados Unidos, a Rússia, a França e o Reino Unido.Os conflitos e as crises internacionais são discutidos pelo conselho, que pode autorizar intervenção militar nos países em confronto. Para uma resolução ser aprovada pelo órgão, é necessário maioria de nove dos 15 membros, inclusive dos cinco permanentes. Um voto negativo de um dos integrantes representa veto à medida.Há uma série de debates, capitaneados pelo presidente Lula, em defesa de uma reforma do Conselho de Segurança da ONU. Para o governo brasileiro, há um desequilíbrio que não representa a nova ordem mundial. A ideia é ampliar de 15 para 25 os membros com espaço para dois integrantes da Ásia, um da América Latina, um do Leste da Europa e outro da África.