A ação das geleiras e do vento na formação do relevo

Dunas, exemplo de erosão eólica.
O relevo é uma irregularidade da superfície terrestre, é esculpido a partir dos agentes modeladores que podem atuar no interior da Terra (agentes endógenos) ou acima da superfície terrestre (agentes externos). Os ventos e as geleiras são agentes modeladores externos que contribuem para a formação do relevo.
A ação das geleiras
Antes de compreender como as geleiras interferem no relevo é importante conhecer o significado da mesma. Geleira é uma enorme massa de gelo originada em locais de baixíssima temperatura. Em razão dessa característica, a ocorrência de precipitação de neve é superior ao derretimento do gelo, fator que favorece o acúmulo do mesmo.
As montanhas elevadas são lugares propícios para acumulação de gelo, isso em virtude das temperaturas sempre baixas por causa da restrita irradiação solar. Esse agente externo atua a partir do acúmulo de gelo no topo de montanhas, que quando muito pesado ocasiona avalanches, que deslizam e transportam junto com o gelo algumas rochas. O resultado desse evento é a mudança na configuração do topo da montanha e também o aumento de sedimentos nas regiões próximas, geralmente vales. A ação das geleiras na formação do relevo recebe o nome de erosão glacial.
Ação dos ventos
Em grande parte dos casos o vento modifica o relevo em regiões litorâneas e também desérticas. Ambos são áreas de concentração de areia, desse modo, o vento sopra deslocando a mesma de um lugar para outro, tal fenômeno é responsável pela formação das dunas.
Entretanto, a ação dos ventos não se limita somente ao caso acima, o mesmo também desempenha influência em casos em que a poeira disposta no ar é lançada em direção às rochas. Então, de maneira gradativa e lenta, o relevo vai sendo modelado, dando origem a esculturas naturais intrigantes, como os arcos rochosos, nos Estados Unidos (Utah - Parque Nacional de Utah). A contribuição dos ventos na configuração do relevo é chamada de erosão eólica.
Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia

Os Tigres Asiáticos

Hong Kong

Na década de 1970, quatro países da Ásia (Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan) apresentaram um acelerado processo de industrialização. Em razão da agressividade administrativa e da localização dos países, eles ficaram conhecidos mundialmente como Tigres Asiáticos.
O modelo industrial desses países é caracterizado como IOE (Industrialização Orientada para a Exportação), ou seja, as indústrias transnacionais que se estabeleceram nesses países e as empresas locais implantaram um parque industrial destinado principalmente para o mercado exterior.

Cingapura

Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan utilizaram métodos diferentes para o desenvolvimento econômico, no entanto, essas nações apresentaram aspectos comuns, como forte apoio do governo, proporcionando infraestrutura necessária (transporte, comunicações e energia), financiamento das instalações industriais e altos investimentos em educação e qualificação profissional.
Além disso, esses países (exceto Coreia do Sul) adotaram uma política de incentivos para atrair as indústrias transnacionais. Foram criadas Zonas de Processamento de Exportações (ZPE), com doações de terrenos e isenção de impostos pelo Estado.
Diferentemente dos outros Tigres Asiáticos, a Coreia do Sul demonstrou resistência a instalações de empresas transnacionais em seu território. O desenvolvimento industrial do país baseou-se nos chaebols, que se caracteriza por redes de empresas com fortes laços familiares. Quatro grandes chaebols controlam a economia coreana e têm forte atuação no mercado internacional: Hyunday, Daewoo, Samsung e Lucky Gold Star.
Somente na década de 1970 começaram a entrar transnacionais na Coreia do Sul, entretanto estas são associadas a empresas coreanas.

Os Novos Tigres Asiáticos

Em consequência do grande desenvolvimento econômico dos Tigres Asiáticos, houve uma expansão para os países vizinhos do sudeste, o que proporcionou um processo de industrialização na Indonésia, Vietnã, Malásia, Tailândia e Filipinas. Além dos investimentos dos quatro Tigres originais, os novos Tigres passaram a fazer parte das redes de negócios de empresas dos Estados Unidos, do Japão e de outros países desenvolvidos.
Nesses novos Tigres foram instaladas indústrias tradicionais, como têxteis, calçados, alimentos, brinquedos e produtos eletrônicos. Nesses países há mão de obra menos qualificada que a encontrada nos quatro Tigres originais, porém, muito mais barata. Milhares de pequenas empresas surgiram para produzirem mercadorias sob encomenda, criadas e planejadas em outros países do mundo.
Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia

Série Países Americanos- Cuba

Vista panorâmica de Havana, capital de Cuba.

República de Cuba, ou simplesmente Cuba, é um país que possui um território com característica insular, está situado na América Central. Limita-se territorialmente a nordeste com Bahamas; a sudeste, com o Haiti; ao norte, com os Estados Unidos; ao sul, com a Colônia Britânica das Ilhas Caymans e a Jamaica.
O território cubano é constituído por um arquipélago formado por aproximadamente 4.195 restingas, ilhotas e ilhas, ou seja, uma área descontínua ou fragmentada. A área que compreende o território cubano ocupa 110 861 km², onde vivem cerca de 11,2 milhões de habitantes dirigidos pelo regime socialista.
A topografia do país é constituída basicamente por planície, que ocupa grande do território, com exceção de uma zona montanhosa localizada no sudeste. Essa superfície é influenciada pelo clima tropical, apresentando duas estações bem definidas: uma chuvosa (maio a outubro) e uma mais seca (novembro a abril).
A economia cubana está bastante vinculada aos setores primários, por isso a economia é sustentada por produtos de origem agrícola, como cana-de-açúcar, tabaco, arroz, banana, laranja, e abacaxi. Incluindo ainda a pecuária, na qual se desenvolve a criação de bovinos, equinos, aves e suinos.
No extrativismo mineral, o país produz níquel, cobre, cromita e cobalto. O setor industrial não é diversificado, atua na indústria tradicional, como a fabricação de alimentos, bebidas, charutos, máquinas e produtos químicos.
A atividade econômica que mais cresce no país é o turismo, que tem uma grande participação no PIB nacional. Cuba atrai um elevado número de turistas em razão das belezas naturais, como as praias caribenhas.
Etnicamente, sua população é formada a partir da mistura de espanhóis e africanos, assim, apresenta 65,06% de brancos; 22,86%, mulatos; 9,08%, negros; 2% de asiáticos.
As leis cubanas oferecem liberdade de culto no país. Grande parte da população segue o cristianismo, sendo 38,8% católicos e 6,6% protestantes, além de 35,4% ateus, 17% da religião yoruba e outras 2,2%.
Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia

Tipos de rochas

Uma jazida de minérios
A estrutura geológica é extremamente importante na formação dos recursos minerais, além de estabelecer uma grande influência na consolidação dos relevos e automaticamente do solo.
Para compreender a estrutura geológica de um lugar é preciso analisar e conhecer os tipos de rochas presentes no local.
Rocha é a união natural de minerais, compostos químicos definidos quanto à sua composição, podem ser encontrados no decorrer de toda superfície terrestre.
Veja alguns exemplos de minerais: quartzo, grafita, calcita, mica, feldspato, talco, diamante.
As rochas são classificadas em:


ígneas ou magmáticas: são rochas formadas pelo esfriamento e solidificação de elementos endógenos, no caso, o magma pastoso. São exemplos de rochas magmáticas: granito, basalto, diorito e andesito.
Sedimentares, esse tipo de rocha tem sua formação a partir do acúmulo de resíduos de outros tipos de rochas. São exemplos de rochas sedimentares: areia, argila, sal-gema e calcário.

Metamórficas, esse tipo de rocha tem sua origem na transformação de outras rochas, devido à pressão e temperatura. São exemplos de rochas metamórficas: gnaisse (formado a partir do granito), ardósia (originados da argila) e mármore (formação calcária).
As mais antigas rochas são as do tipo ígneas e metamórficas, que surgiram respectivamente na era Pré-Cambriana e Paleozóica, essas rochas são denominadas de cristalina proveniente de seu aspecto, pela cristalização dos minerais que as formaram.
Ao contrário das outras, as rochas sedimentares são de formações mais recentes, da era Paleozóica à Cenozóica, essas são encontradas em, aproximadamente, 5% da superfície terrestre. Dessa forma os minerais, e as rochas, compõem uma parcela primordial da litosfera, que corresponde ao conjunto de elementos sólidos que formam os continentes e as ilhas.
Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia

Hidrosfera

A hidrosfera é a parte líquida da Terra
A hidrosfera corresponde a toda parte líquida contida no planeta. Os oceanos são responsáveis por 97,2% de toda água, isso significa que cerca de 2/3 da superfície é coberta por este. Já as águas continentais possuem um percentual bem inferior, essas águas se encontram nos rios, lagos (estado líquido), nas geleiras (estado sólido, que por sinal é a maior reserva de água doce), os aqüíferos e lençóis freáticos e, por fim, as águas contidas na atmosfera que se apresentam em forma de vapor dão origem às precipitações.

Distribuição de água na hidrosfera
Calotas de gelo e geleira 2,15%
Água na atmosfera 0,001%
Água no subsolo 0,62%
Águas superficiais (rios, lagos e biomassa) 0,029%
Oceanos 97,2%
A água surgiu a partir do resfriamento da Terra, isso decorreu dos vulcões que expeliam vários gases e vapor de água que se evaporou e favoreceu a ocorrência de chuvas.
A água é fundamental à vida, independentemente do ser, até mesmo porque a vida surgiu na água, como as bactérias, os primeiros seres vivos (trilobitas), os seres aquáticos saíram das águas e se transformaram em anfíbios depois em répteis e daí por diante.
A água é encontrada em estados físicos. Os estados físicos da água se apresentam em estado líquido, sólido e gasoso.
Rios e lagos
Os rios e os lagos são águas continentais por estar presente em áreas emersas. Esses têm suas formações em decorrência do afloramento dos lençóis freáticos, entretanto não é a única maneira de formação de um rio, uma vez que podem originar-se de derretimento de geleiras, como o rio Amazonas.
Os rios sofrem variações quanto a sua velocidade e seu direcionamento que é determinado por elementos do relevo, diante disso percebe-se que o relevo é o divisor de águas em nível geral e particular.
Os lagos podem ser naturais, sua origem é decorrente de nascentes de águas subterrâneas, ou mesmo artificiais, quando o homem através de seus conhecimentos e suas técnicas consegue materializar a produção de um lago.
Os rios variam quanto à quantidade de água, ou seja, sua vazante, isso é pertinente às modificações climáticas transcorridas durante o ano que vão determinar as cheias (período chuvoso) e vazantes (período de estiagem), além disso, os rios também podem ter seu regime reconhecido distintamente como sendo rios perenes, intenso e constante fluxo de água sem que ocorra seca (rio que não seca), ao contrário dos rios temporários que são caracterizados por sua presença sazonal, isso significa que se trata de rios que secam no período de seca ou estiagem.
As águas continentais são de suma importância para a sociedade, tendo em vista que essas são propícias ao consumo humano e de todos os seres vivos. No caso do consumo humano as águas são utilizadas em múltiplas atividades que podem ser enumeradas em uso rural, urbano, turístico e etc., no campo é utilizada na irrigação, para a criação de animais entre outros, nas cidades seu uso é destinado às residências, indústrias, comércios, instituições, escolas e no turismo é fonte de renda, explorando as belezas de rios e lagos.
Atualmente uma importante reserva de água doce está armazenada nas geleiras em estado sólido, sua localização geográfica faz que as temperaturas permaneçam sempre baixas conservando-as intactas, salvo as alterações pertinentes às atividades humanas que modificam as condições naturais.
As sociedades do mundo contemporâneo, independente do continente ou país, provocam impactos nas águas que podem ser divididos em: poluição industrial, doméstica e rural.
Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia

BRIC

Brasil, Rússia, Índia e China

O termo BRIC foi criado pelo economista Jim O’Nill, em 2001, para referir-se aos quatro países que apresentarão maiores taxas de crescimento econômico até 2050. BRIC são as inicias de Brasil, Rússia, Índia e China, países em desenvolvimento, que, conforme projeções, serão maiores economicamente que o G6 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália).
O BRIC não é um bloco econômico, e sim uma associação comercial, onde os países integrantes apresentam situações econômicas e índices de desenvolvimento parecidos, cuja união visa à cooperação para alavancar suas economias em escala global.
Brasil, Rússia, Índia e China apresentam vários fatores em comum, entre eles podem ser citados: grande extensão territorial; estabilidade econômica recente; Produto Interno Bruto (PIB) em ascensão; disponibilidade de mão de obra; mercado consumidor em alta; grande disponibilidade de recursos naturais; aumento nas taxas de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); valorização nos mercados de capitais; investimentos de empresas nos diversos setores da economia.
Características particulares para o desenvolvimento econômico de cada país:
O Brasil é o país mais atraente entre as nações do grupo quanto à possibilidade de receber investimentos estrangeiros, pois foi elevado à posição de grau de investimento, pelas agências de classificação de risco Standad e Poor´s. Aspectos que contribuem para o crescimento econômico do país:

- grande produtor agrícola;
- parque industrial diversificado;
- grandes reservas minerais, e com a descoberta da camada pré-sal será autossuficiente em petróleo e possível exportador;
- apresenta um grande mercado consumidor.

Conforme o relatório realizado por O’Nill, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil vai apresentar acréscimo de 150% até 2030 e chegará a US$ 2,4 trilhões, o que proporcionará ao país a quinta maior economia do mundo, atrás de Estados Unidos, China, Índia e Japão.
O estudo afirma que o Brasil precisa crescer uma média de 4% ao ano para atingir essa posição econômica.
Segundo as projeções de O’Neill, a Rússia será a sexta maior economia do planeta em 2050. Os cálculos apontam que, em 2018, o PIB russo ultrapassará o italiano. Em 2024, será maior que o da França, e, nos anos de 2027 e 2028, a Rússia deixará para trás o Reino Unido e a Alemanha, respectivamente.
Entre os fatores que fortalecem a economia russa estão:

- apresenta grandes reservas de petróleo e gás natural;
- atualmente é o segundo maior produtor e exportador de petróleo do mundo;
- o país conta com a maior reserva de gás natural do planeta;
- apresenta um grande mercado consumidor.

A Índia começou a crescer economicamente em números significativos a partir de 1991, quando o governo do país realizou o processo de abertura econômica, fato que começou a atrair investimentos internacionais.

- possui profissionais qualificados em áreas tecnológicas, principalmente, de informática;
- o país conta hoje com um verdadeiro parque de indústrias de tecnologia, nacionais e estrangeiras.
- apresenta um grande mercado consumidor.

Conforme projeções, a Índia será o único país entre as potências emergentes a crescer acima dos 5% ao ano, a partir de 2030. Já a taxa de crescimento do PIB de Brasil, Rússia e China, a partir de 2030, começará a declinar, ficando na média de 3% ao ano. A Índia, em 2050, será a terceira maior economia do planeta, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
Porém, o país necessita solucionar algumas questões, como por exemplo, a deficiência em infraestrutura e agricultura, além da falta de mão de obra especializada.
Em 1997, a China abandonou o socialismo de mercado e deu início ao capitalismo. Desde então ocorreram várias privatizações dos meios de produção, atualmente 70% da economia chinesa é privada. O país cresceu, nos últimos anos, de 8% a 10,7% por ano, bem superior à média mundial, que é de 4%.
Entre os fatores responsáveis por esse fortalecimento econômico chinês estão:

- apresenta um vasto exército de operários;
- alto investimento em tecnologia e infraestrutura;
- possui vários investidores estrangeiros atuando no país;
- sistema de educação de alto nível, 99,8% dos jovens são alfabetizados;
- Apenas 10% da população vive abaixo da linha da pobreza.

Conforme projeções de O’Nill, em 2020 a taxa real de crescimento da economia chinesa deverá estar por volta de 5% ao ano, enquanto em 2040 este número será ainda menor, por volta de 3,5%. Mesmo assim, eles esperam que o país asiático ultrapasse os Estados Unidos em 2041.
Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia

Série Continentes- Pangéia

Configuração da Pangéia.

No início do século XX, o meteorologista alemão Alfred Wegener levantou uma hipótese que criou uma grande polêmica entre a classe científica da época. Segundo ele, há aproximadamente 200 milhões de anos, os continentes não tinham a configuração atual, pois existia somente uma massa continental, ou seja, não estavam separadas as Américas da África e da Oceania.
Essa massa continental contínua foi denominada de Pangéia, do grego "toda a Terra", e era envolvida por um único Oceano, chamado de Pantalassa.
Passados milhões de anos, a Pangéia se fragmentou e deu origem a dois megacontinentes denominados de Laurásia e Godwana, essa separação ocorreu lentamente e se desenvolveu deslocando sobre um subsolo oceânico de basalto.
Após esse processo, esses dois últimos deram origem à configuração atual dos continentes que conhecemos. Para conceber tal teoria, Wegener tomou como ponto de partida o contorno da costa americana com a da África ,que visualmente possui um encaixe quase que perfeito. No entanto, somente esse fato não fundamentou sua hipótese científica.
Outra descoberta importante para fundamentar sua teoria foi a comparação de fósseis encontrados na região brasileira e na África, ele constatou que tais animais eram incapazes de atravessar o Oceano Atlântico, assim concluiu que os animais teriam vivido nos mesmos ambientes em tempos remotos.
Mesmo após todas as informações contidas na hipótese, a teoria não foi aceita, foi ridicularizadas pela classe científica. Sua hipótese foi confirmada somente em 1960, após 30 anos da morte de Wegener , tornando-se a mais aceita.
Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia

Aquecimento terrestre

Sol: indispensável para a vida na Terra

Para o desenvolvimento da vida no planeta Terra é necessário luz e calor e o responsável por fornecê-los é o sol. O calor emitido por essa estrela é fundamental para os seres vivos. De toda luz emitida somente 51% atinge a litosfera, os 49% restante ficam aderidos na atmosfera.
O calor e a luminosidade proveniente dos raios vindos do sol que alcançam a litosfera terrestre são chamados de insolação.
A quantidade de insolação varia de acordo com a posição geográfica, uma vez que a Terra possui forma esférica que determina o ângulo de incidência dos raios solares. Quanto mais se afasta da linha do equador menor é a insolação.
Em áreas próximas à linha do equador os raios atingem a superfície da Terra formando um anglo de 90º, por outro lado, nas regiões dos pólos os raios incidem de forma inclinada, assim recebe pouco calor e luminosidade.
À medida que os raios solares incidem na superfície terrestre as massas continentais e oceanos concentram e liberam uma parcela de energia recebida. Essa energia refletida aquece a atmosfera, como se fosse uma estufa, denominado de irradiação. Se não houvesse esse fenômeno a Terra teria uma temperatura muito fria.
Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

Copa do mundo 2010

África do Sul 2010 – mascote Zakumi, um leopardo

Pela primeira vez, uma copa do mundo será realizada no continente africano.
O país escolhido para ser o anfitrião da festa foi a África do Sul, tendo disputado a vaga contra Marrocos, vencendo por quatorze votos contra dez.
A realização do evento será no período de 11 de junho a 11 de julho, e contará com a participação de trinta e dois países.
Os preparativos para a copa do mundo têm caminhado lentamente. O país abriu construção de cinco novos estádios, especificamente para futebol, pois os lá existentes são próprios para os esportes mais praticados na região: rugby e críquete.
Os dirigentes da FIFA (Fédération Internationale de Football Association) desconfiam que a África do Sul não consiga terminar as obras no tempo previsto, assim, montaram um escritório no local, onde o comitê pode dar o apoio necessário. Mas caso o país não cumpra com as exigências da Federação, não conseguindo terminar as obras, a Alemanha promoverá o evento.
Os participantes foram escolhidos em percentuais por continente: a Europa ficou com 13 vagas; 4,5 vão para América do Sul; 4,5 para a Ásia, 3,5 para a América do Norte; 0,5 vagas para a Oceania e 6 vagas para a África.
A seleção africana esteve presente, até hoje, em apenas duas copas do mundo, sendo as de 1998 e 2002, onde foi eliminada ainda na primeira etapa.
O mascote – animal, pessoa ou objeto escolhido para representar um evento – já foi escolhido. É um leopardo, animal facilmente encontrado na região africana, que recebeu o nome de Zakumi, sendo ZA em referência à sigla do país e Kumi que significa dez.
O slogan do evento também já foi escolhido. “Futebol por um mundo melhor – da Alemanha para a África”. A referência da Alemanha no mesmo foi em virtude da mesma ter lançado em seu slogan (copa de 2006) um manifesto contra o racismo.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Calor e previsão do tempo

A previsão do tempo é informada por diversos meios de comunicação. As previsões geralmente informam as temperaturas e a umidade relativa do ar de diversas regiões de um país. As temperaturas são citadas para nós brasileiros em graus Celsius, e os valores delas nos dão referência do quanto as moléculas de um determinado corpo está agitada.
Termômetro de rua medindo a temperatura local
O termo temperatura tem por definição: medida da maior ou menor intensidade do grau de agitação das moléculas de um determinado corpo.

Mapa de previsão do tempo no Brasil
Alguns repórteres ou colunistas de jornais que nos informam a previsão do tempo usam bastante os termos: “hoje vai fazer muito calor”, e a informação que eles querem nos passar é que “hoje será um dia muito quente” ou de temperatura elevada.
Mas o que é calor? Calor é a energia térmica em trânsito que vai sempre do corpo mais quente para o mais frio.
Ao dizer que hoje vai fazer muito calor, eles nos informam que hoje haverá muita energia térmica em trânsito!
Energia é uma grandeza que não pode ser criada e nem destruída, independente da sua forma de manifestação; ela pode ser somente transferida ou transformada.
Cientificamente, a linguagem citada pelos informantes do tempo torna-se incoerente, porém, considerando o público alvo, a “linguagem popular” ou até mesmo formal passa a ser coerente.
Por Frederico Borges
Graduado em Física
Equipe Brasil Escola

Organização dos Países Exportadores de Petróleo-OPEP

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) foi criada na Conferência de Bagdá no dia 14 de setembro de 1960. É uma organização intergovernamental permanente, objetivando administrar de forma centralizada a política petroleira dos países membros. A sede da Organização dos Países Exportadores de Petróleo entre 1960-1965 foi em Genebra, na Suíça, no entanto, foi transferida para Viena, na Áustria, em 1º de Setembro de 1965.
Os primeiros países membros da Opep foram: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela. Posteriormente outros países integraram a Opep: Catar (1961); Indonésia (1962) - que suspendeu a sua adesão em janeiro de 2009, Líbia (1962), Emirados Árabes Unidos (1967), Argélia (1969), Nigéria (1971), Equador (1973) - que suspendeu a sua adesão de dezembro de 1992 a Outubro de 2007, Angola (2007) e Gabão (1975-1994).

Encontro dos Representantes dos Países Membros da Opep
A Opep atua como cartel dos principais exportadores de petróleo, controlando o volume de produção, com o objetivo de alcançar os melhores preços no mercado mundial. É responsável por desenvolver estratégias geopolíticas na produção e exportação do petróleo, além de controlar os valores nas vendas do produto.
Atualmente, os países membros da OPEP possuem aproximadamente 75% das reservas mundiais de petróleo, sendo responsável pelo abastecimento de 40% do mercado mundial.
A formação da Opep promove a valorização do petróleo, proporcionando maior lucratividade para os países membros. Esse fato ocorre em razão da manipulação da produção, pois são estabelecidas cotas de produção, diminuindo a oferta, consequentemente, há a elevação dos preços.
Com a descoberta da camada pré-sal no Brasil, a produção de petróleo poderá triplicar. Caso sejam confirmadas essas estimativas, o país estudará uma possível solicitação de participação na Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

As origens do povo brasileiro.

O índio é uma raça que, juntamente com outras, deu origem ao povo brasileiro.
A população brasileira é bastante miscigenada. Isso ocorreu em razão da mistura de diversos grupos humanos que aconteceu no país. São inúmeras as raças que favoreceram a formação do povo brasileiro. Os principais grupos foram os povos indígenas, africanos, imigrantes europeus e asiáticos.
Povos indígenas: antes do descobrimento do Brasil, o território já era habitado por povos nativos, neste caso, os índios. Existem diversos grupos indígenas no país, dentre os principais estão: Karajá, Bororo, Kaigang e Yanomani. No passado, a população dos mesmos era de quase 2 milhões de índios.
Povos africanos: grupo humano que sofreu uma migração involuntária, pois foram capturados e trazidos para o Brasil, especialmente entre os séculos XVI e XIX. Nesse período, desembarcaram no Brasil milhões de negros africanos, que vieram para o trabalho escravo. Os escravos trabalharam especialmente no cultivo da cana-de-açúcar e do café.
Imigrantes europeus e asiáticos: os primeiros europeus a chegar ao Brasil foram os portugueses. Mais tarde, por volta do século XIX, o governo brasileiro promoveu a entrada de um grande número de imigrantes europeus e também asiáticos. Na primeira metade do século XX, pelo menos 4 milhões de imigrantes desembarcaram no Brasil. Dentre os principais grupos humanos europeus, destacam-se: portugueses, espanhóis, italianos e alemães. Em relação aos povos asiáticos, podemos destacar japoneses, sírios e libaneses.
Tendo em vista essa diversidade de raças, culturas e etnias, o resultado só poderia ser uma miscigenação, a qual promoveu uma grande riqueza cultural. Por esse motivo, encontramos inúmeras manifestações culturais, costumes, pratos típicos, entre outros aspectos.
Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

Série Paisagens Naturais - A Antártida.


O continente antártico é formado em toda sua totalidade por gelo e possui características singulares, essa região do planeta detém cerca de 10% das terras emersas do planeta.
O coração da Antártida é composto por um grande planalto de gelo, dessa forma apresenta altitudes que variam entre 1500 e 4000 metros acima do nível do mar.

Essa região corresponde à uma área de calota polar, ocupa um território com tamanho semelhante ao do Brasil, é considerado o maior dos desertos, isso por que apresenta as condições mais adversas para manutenção e proliferação de vida.


Foi no coração da Antártida que foi registrado a menor temperatura do planeta, cerca de -89,2ºC, em Vostok, uma base russa, além disso, apresenta a escuridão da noite polar que tem duração de 4 a 6 meses. Na região, a ocorrência de ventos constantes provoca uma série de erosões sobre o gelo.

Apesar de aparentemente ser um lugar úmido, a umidade relativa do ar é muito semelhante das que predominam nos desertos de areia, isso porque a ocorrência de precipitação de neves é rara, e quando acontece se compacta rapidamente, tornando-se blocos de gelo. Uma grande parcela da calota de gelo sedimenta em áreas mais profundas do continente, determinadas montanhas afloram na superfície, já em outros lugares o gelo se acomoda abaixo do nível do mar.

Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

Definição de Paisagem na Geografia.

Paisagem natural.

A paisagem pode receber vários significados, mas na ciência geográfica é definida como um conjunto de estruturas naturais e sociais de um determinado lugar no qual desenvolvem uma intensa interatividade, seja entre os elementos naturais, entre as relações humanas e desses com a natureza.
Geograficamente, a paisagem é tudo aquilo que podemos perceber por meio de nossos sentidos (audição, visão, olfato e tato), mas o que mais destaca é a visualização da paisagem.
Costuma-se considerar como paisagem somente os elementos naturais, tais como montanhas, rios, mares, florestas entre outros, entretanto, paisagem também abrange as construções humanas como pontes, ruas, edifícios, além das relações humanas como feiras, estádios de futebol, nesses casos ocorre uma variação das paisagens, pois se trata de uma composição momentânea.
Diante desse contexto, a paisagem se divide em paisagens naturais (lagos, oceanos, vales, florestas, montanhas, seres vivos) e as interações existentes. A variação de cada elemento determina a configuração de cada paisagem, por exemplo, o clima quente e úmido produz florestas com uma grande quantidade de vidas, tanto da fauna como da flora, em contrapartida nas zonas polares, onde o frio é intenso, não há o desenvolvimento de elevados números de vidas e diversidades. As paisagens culturais correspondem a todos os elementos construídos pela ação antrópica, como pontes, portos, ferrovias, túneis e muito outros. Apesar da divisão entre paisagem natural e cultural, não existe nenhum lugar no planeta que não tenha sofrido interferências diretas ou indiretas do homem, até por que o que é produzido de poluição nas cidades se dispersa por todo o planeta.
As paisagens culturais podem ser divididas em paisagem rural e paisagem urbana. A primeira é formada pela atividade agropecuária, como lavouras de uma infinidade de culturas, hortaliças, frutas, além da criação de bovinos (corte e leite), aves e suínos, esses elementos fazem parte da realidade de propriedades rurais com fazenda, chácaras e sítios. A segunda é constituída por elementos urbanos como ruas, avenidas, praças, viadutos, prédios que se encontram habitados por pessoas que realizam suas atividades nesse espaço.
Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

O terremoto no Chile.

O Terremoto no Chile

A destruição causada pelo terremoto no Chile

Localizado na América do Sul, o Chile é um país que possui extensão territorial de 756.945 quilômetros quadrados, onde residem 16.970.265 habitantes. O território chileno ocupa uma das áreas mais sísmicas do planeta, pois está em uma zona de instabilidade tectônica, ou seja, uma área de convergência entre as placas tectônicas de Nazca e a Sul-Americana. Conforme o Instituto de Geofísica da Universidade do Chile, o encontro dessas duas placas produz um terremoto de grande proporção a cada dez anos no país.
O Chile é muito vulnerável a terremotos, a ocorrência desse fenômeno no país é frequente. No dia 22 de maio de 1960, a cidade de Valdívia sofreu com o maior terremoto da história chilena, o sismo teve magnitude de 9,5 graus na escala Richter, deixando 1.655 pessoas mortas e mais de 2 milhões de desabrigados.
No dia 27 de fevereiro de 2010, um terremoto de 8,8 graus atingiu o centro-sul do Chile, sendo o maior tremor no país desde 1960. Conforme o Instituto Geológico dos Estados Unidos, o terremoto teve seu epicentro a 35 quilômetros abaixo do nível do mar, na região de Bio Bio, a cerca de 320 quilômetros de Santiago, capital do Chile, e a 91 quilômetros de Concepción, segunda cidade mais populosa do país. Em seguida, outros tremores foram registrados – de magnitudes que variaram entre 5,2 e 6,9 graus na escala Richter. O terremoto desencadeou um tsunami, que provocou ondas que invadiram até 300 metros de terra firme.
Equipes de resgate em busca de sobreviventes
Grande parte da população reclama da ação do governo, pois faltam alimentos e, até mesmo, água potável. A cidade de Concepción, uma das mais atingidas, tem recebido pouco auxílio, fato que está provocando uma onda de saques a lojas e supermercados.
De acordo com a Agência Nacional de Emergência do Chile, até o dia 3 de março, foram registradas 800 mortes em consequência do terremoto, sendo a maioria na região de Maule. Aproximadamente 1,5 milhão de residências foram danificadas, pontes e estradas foram destruídas, abalando de forma significativa a infraestrutura do país. O prejuízo econômico pode chegar a 30 bilhões de dólares.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

Taiwan-Uma nação ou uma província chinesa?

A questão de Taiwan teve origem com a vitória da Revolução Chinesa em 1949, a derrubada do governo de Chiang Kai-shek e a instauração do governo socialista de Mao-Tsé Tung. Chiang Kai-shek, que governou a China desde 1927, refugiou-se com seu Estado Maior e cerca de 2 milhões de chineses na ilha de Taiwan ou Formosa, situada a 130 km do litoral da parte continental da China e separada desta pelo estreito do mesmo nome. Formou-se na ilha um governo autônomo com o apoio dos Estados Unidos.
A partir desse período, a China seguiu dividida em duas: República Popular da China (a parte continental) e a China Nacionalista ou Taiwan (parte insular). Elas representavam os dois lados da Guerra Fria. A China Popular aliou-se à URSS até 1960 e depois seguiu seu próprio caminho.
Desde então, as duas Chinas vivem numa situação de hostilidade, ocorrendo, inclusive, conflitos armados nos primeiros anos de sua divisão. A China Nacionalista, porém, assegurou sua existência através do estreitamento das relações com os Estados Unidos. Em 1954, os EUA e Taiwan assinaram um acordo de defesa mútua, após o intenso bombardeio do estreito de Formosa pela República Popular da China, nesse mesmo ano.
Ganhos e perdas de Taiwan
Desde a década de 1970, Taiwan tem se destacado no cenário econômico mundial pelo desempenho invejável. Formava, ao lado de outros três países do Pacífico - Coréia do Sul, Hong Kong e Cingapura - o bloco dos primeiros "tigres asiáticos", assim chamados por terem dado um salto no desempenho econômico, com taxas de crescimento excepcionais, além de uma política agressiva de disputa no mercado externo. Os taiwaneses conquistaram padrões de vida bem próximos aos dos países desenvolvidos, contrastando com a dura realidade vivida pela população da China continental.
Do ponto de vista geopolítico, porém, Taiwan acumulava derrotas. Em 1971 foi substituída pela República Popular da China na ONU e, em 1979, os Estados Unidos transferiram a sua embaixada de Taipé (capital de Taiwan) para Pequim (capital da China Popular), devido ao restabelecimento de relações diplomáticas com o país socialista. Nesse mesmo ano, os Estados Unidos anularam o Tratado da Defesa que mantinham com a ilha e desativaram a sua base militar. Apesar disso, o governo de Taiwan continuou contando com o compromisso de apoio e proteção militar norte-americana.
Nação ou província chinesa?
Chinag Kai-Shek, líder do Partido Nacionalista (Kuomintang), governou Taiwan até 1975, com poderes ditatoriais. Mesmo após a sua morte, nesse mesmo ano, a ilha continuou a ser controlada pelo Kuomintang. Somente na década de 1990 o país passou por um processo de democratização, abrindo espaço para outras agremiações políticas. Em 2000, o Partido Democrático Progressista (PDP) conquistou o poder através de eleições livres, sob o comando de Chen Shui-bian. O PDP sempre manifestou posição favorável à independência em relação à China Popular, que lhe rendeu os votos da maioria da população taiwanesa e assegurou a reeleição de Chen, em 2004.
Taiwan tem governo próprio, eleito democraticamente, instituições independentes, moeda nacional, forças armadas, participa ativamente do comércio internacional e é membro da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico). Para efeitos práticos, é um Estado soberano, mas apesar disso não é reconhecido pela ONU e pelas principais organizações internacionais. Mantém relações diplomáticas com 26 países apenas.
A China Popular considera Taiwan uma província rebelde, uma parte inalienável do seu território. Nos últimos anos, tem se empenhado ostensivamente no projeto de reunificação, inclusive recorrendo ao uso da força, caso isso seja inevitável. Desde a década de 1990, tem realizado manobras militares no estreito de Taiwan, no sentido de reforçar a sua disposição de impedir qualquer tentativa de independência.
Um país, dois sistemas
Em busca de uma solução pacífica, contudo, Pequim propõe o conceito de "um país, dois sistemas": o socialista no continente e o capitalista em Taiwan. Em tese, isso permitiria a Taiwan adotar as suas políticas econômicas e manter as suas instituições, com relativa autonomia.
Do outro lado do estreito, o atual presidente taiwanês não ousa declarar publicamente a independência ou tomar qualquer decisão contra a reunificação com a parte continental. No entanto, tem manifestado que qualquer atitude a esse respeito dependerá de um processo livre e democrático, cuja deliberação cabe a 23 milhões de pessoas que vivem em Taiwan, em sua maioria simpática à causa separatista. A perspectiva de uma só China no futuro, declara Chen, deverá ser fruto de negociações em bases iguais.
Taiwan conta, ainda, com o apoio dos Estados Unidos que consideram a ilha estratégica para sua influência na região da Ásia-Pacífico. Além disso, é determinação do Congresso norte-americano defender a ilha de qualquer ameaça militar externa.
Lei Anti-Secessão
Em março de 2005, um novo agravante tem colocado em risco as delicadas relações entre as duas Chinas. A Assembléia Nacional Popular, parlamento da China Continental, aprovou uma lei anti-secessão. Essa lei autoriza o uso da força contra Taiwan, caso esta declare a sua independência formal.
A iniciativa reforça as hostilidades entre os dois governos e coloca os Estados Unidos em situação delicada. Não está nos planos dos americanos um conflito direto com a China, que, por outro lado, não deverão ficar impassíveis a China invada Taiwan e busque a reunificação por meios bélicos.
Desde 2004, o governo norte-americano vem fortalecendo a cooperação militar com Taiwan e tem feito pressões sobre a União Européia para que não suspendam o embargo à venda de armas à China continental, imposto desde o massacre da Praça da Paz Celestial, ocorrido em 1989, quando a população chinesa saiu às ruas para exigir liberdades democráticas. O governo de Washington procurou, também, envolver e comprometer o Japão na defesa de uma Taiwan independente: os japoneses têm interesses estratégicos no estreito, por onde circula boa parte das mercadorias negociadas por este país no mercado internacional.
A maioria dos analistas acredita que a Lei Anti-Secessão é mais um jogo de cena da China Popular. Essa lei não acrescenta nada além do que o governo chinês sempre declarou neste pouco mais de meio século de tensão entre as duas China. Existe ainda um outro componente que funciona como bloqueador de ações beligerantes: as intensas relações e interesses econômicos existentes entre todos os países que poderiam ser envolvidos pelo agravamento da questão taiwanesa.

Países se mobilizam para ajudar Chile destruído por terremoto.

Brasil, Argentina, Estados Unidos, Japão e China já anunciaram ajuda ao Chile, que sofreu um terremoto de 8,8 graus na escala Richter no último sábado e contabiliza mais de 700 mortos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que, embora o Chile seja um país mais rico e mais preparado para enfrentar um terremoto, o Brasil será tão solidário ao país andino como fez com o Haiti.
"Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para sermos solidários com o Chile como estamos sendo solidários com o Haiti", disse Lula durante o programa de rádio semanal, o "Café com o Presidente".
Já a Argentina enviará medicamentos e água potável, anunciou nesta segunda-feira a presidente Cristina Kirchner. Pelo menos 54 médicos argentinos serão enviados ao Chile.
O Japão anunciou uma doação de US$ 3 milhões ao Chile, junto com o envio de tendas, geradores, purificadores de água e outros equipamentos de emergência. A China prometeu US$ 1 milhão.
O Chile solicitou oficialmente ajuda internacional depois do terremoto que afetou o país no sábado passado, informou a porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) da ONU, Elisabeth Byrs.
"O governo pediu assistência internacional", declarou Byrs. Ela disse ainda que as autoridades chilenas "entregaram uma lista com as prioridades".

A crise na Zona do Euro: o caminho da servidão, da Grécia à Letônia.

A maioria dos meios de comunicação bate o pé na gravidade das dificuldades que a Grécia atravessa (e também Espanha, Irlanda e Portugal) no contexto europeu. Eles apenas fazem eco da crise muito mais severa, devastadora e potencialmente letal que assola as economias pós-soviéticas vinculadas ao plano de integração na Zona do Euro. Não há dúvida de que esse silêncio se deve a que, aquilo por que esses países vem passando constitui uma prova sumária do horror destrutivo do neoliberalismo. A análise é de Michael Hudson e Jeffrey Sommers.
Michael Hudson e Jeffrey Sommers
A maioria dos meios de comunicação bate o pé na gravidade das dificuldades que a Grécia atravessa (e também Espanha, Irlanda e Portugal) no contexto europeu. Eles apenas fazem eco da crise muito mais severa, devastadora e potencialmente letal que assola as economias pós-soviéticas vinculadas ao plano de integração na Zona do Euro.
Não há dúvida de que esse silêncio se deve a que, aquilo por que esses países vem passando constitui uma prova sumária do horror destrutivo do neoliberalismo. O mesmo horror da política européia, que consiste em tratar esses países de forma bem diferente da prometida, não os ajudando a se desenvolverem em termos europeus ocidentais, masa os tratando como áreas meramente prontas a serem colonizadas como mercados financeiros e de exportação, destituindo-lhes de suas mais-valias econômicas, de sua mão de obra qualificada - e praticamente de toda sua força laboral em idade de trabalhar -, de seus bens imóveis e de prédios, e de qualquer outra coisa herdada da era soviética.

A difícil e esquecida questão do Saara Ocidental.

O Saara Ocidental é o único território continental africano que ainda não goza de independência. Trata-se de um problema que vem se arrastando desde 1976, quando os espanhóis deixaram a antiga colônia do Saara Espanhol e, na sequência, o Reino do Marrocos anexou o território, apesar dos protestos e da disposição da Frente Polisário, movimento criado em 1973 e que representa os interesses do povo saaráui, de continuar a luta contra o que entendem ser o novo opressor. Vale lembrar que na época da retirada dos espanhóis também a Mauritânia invadiu o território, disputando-o com o Marrocos, mas retirando-se poucos anos depois (1979). Esse é, portanto, um problema internacional antigo e que continua afligindo milhares de pessoas que são obrigadas a sobreviverem em campos de refugiados em condições precaríssimas.
Em termos econômicos o território não possui grande diversidade de recursos, embora o que possua seja mais do que suficiente para a sua exígua população. Os setores mais importantes resumem-se à exploração dos depósitos de fosfato e atividades de pesca, além da existência de algumas reservas de minérios de ferro. Todavia, especula-se sobre a possibilidade da existência de campos de gás e petróleo off-shore. Caso se confirmem essas reservas o panorama econômico do território pode mudar substancialmente.
O Saara Ocidental entrou na cena política internacional na fase tardia da descolonização, fato que teve implicações para o seu status atual. Assim como Portugal, a Espanha tentou estender ao máximo a sua presença em África, numa perspectiva compatível com o regime ditatorial franquista. Com o fim do regime, as autoridades espanholas retiraram-se do território sem proceder à transferência do poder para o movimento autonomista aceito como representativo do povo saaráui, no caso, a Frente Polisário. A atitude dos espanhóis tornou a situação ainda mais complicada, uma vez que decidiram dividir a administração do território entre o Marrocos (Norte) e a Mauritânia (Sul), o que fez com que a Frente Polisário abrisse duas frentes de combate e derrotasse, por força das armas, a invasão mauritana. Isso foi possível, em parte, pela ajuda que o governo da Argélia concedeu à Frente e pela fragilidade do regime mauritano.
A guerra contra o Marrocos se prolongou por quase duas décadas até que o envolvimento das Nações Unidas fez com que houvesse uma tentativa de encaminhamento político para a questão. Nesse meio tempo muitas atrocidades foram cometidas de lado a lado (mesmo que de forma desproporcional) e o território virou, literalmente, um campo minado. Estima-se que foram enterradas no deserto entre 3 e 7 milhões de minas (de variadas procedências e tipos), dando ao território o indesejável título de possuir o mais longo campo de minas contínuo do mundo. Concomitante a isso, o governo marroquino ergueu um impressionante muro de areia com uma extensão de 2.500 a 2.700 km, conhecido como The Berm, isolando as áreas controladas pela Frente Polisário (aproximadamente 20%) do resto do país. Aliás, esse é mais um dos muros pouco conhecidos e que menos atenção despertou e desperta ao redor do mundo, malgrado seu terrível impacto sobre as populações autóctones (ao contrário, por exemplo, do estardalhaço e de uma certa espécie de glamour que se criou em torno do muro de Berlim). No período de guerra efetiva com o governo marroquino também foram erigidos pelo menos 4 campos de refugiados, cada um contendo cerca de 40 mil pessoas, que tiveram que sobreviver em condições ainda mais severas na difícil vida em regiões desérticas.

Em 1991, após vários anos de negociações entre a Frente Polisário e o governo do Marrocos, intermediadas pela ONU, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, por meio da Resolução 690, estabeleceu a Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (Minurso). O principal objetivo da Minurso era encaminhar o referendo para uma decisão política sobre a questão do território, que deveria ocorrer até janeiro de 1992, um cronograma considerado irreal tendo em vista a exigüidade do tempo para a tarefa complexa que era a de montar a lista de eleitores e preparar todo o processo de consulta numa região com infra-estrutura precária. Basicamente, a população do Saara deveria responder se desejava a autodeterminação com a criação de um novo país ou se preferia ser integrada ao reino do Marrocos.
A Minurso, todavia, nunca conseguiu criar condições efetivas para que o referendo acontecesse. Inicialmente havia divergências, sobretudo, com relação a quem estaria apto a votar. Os únicos dados populacionais disponíveis à época eram os que constavam no censo realizado pelos espanhóis em 1974, que revelava um total de 74.000 saauaris vivendo no território. Vale lembrar que esses dados eram duvidosos e certamente incompletos, uma vez que uma das características do povo saaráui é o fato de serem nômades. De toda forma, nas negociações iniciais, tomou-se por base esse número, porém com propostas de ajustes.
A Frente Polisário desejava incluir todos os que estavam vivendo no exílio, principalmente em Tindouf (principal campo de exilados saaráuis, localizado na vizinha Argélia), e que não estavam na lista original. Já o Marrocos queria acrescentar cerca de 200.000 pessoas no quadro de aptos a votar, boa parte delas enviadas ao território em 1975 num episódio conhecido com a “Marcha Verde”, quando o governo marroquino estimulou a imigração de colonos a partir do Marrocos, numa deliberada tentativa de alterar a composição demográfica vigente à época do colonialismo espanhol.
A discussão de quem poderia participar do referendo se arrastou por anos e serviu como justificativa para que o referendo nunca fosse realizado, sobretudo por iniciativas do Marrocos, que entrou com um recurso atrás do outro para tornar mais pessoas aptas a votar (na verdade, um subterfúgio), além de ampliar o grau de exigências até o ponto de não admitir mais que na eventualidade da realização do referendo neste constasse a possibilidade de independência do território (o máximo admitido pelo monarca marroquino passou a ser uma relativa autonomia no âmbito do Reino).
A ONU ainda tentou retomar a discussão no final dos anos 1990 e nomeou o ex-Secretário de Estado norte-americano, James Baker III, como Enviado Especial das Nações Unidas para o Saara Ocidental. Pelo seu plano, conhecido como “Plano Baker”, a proposta do referendo seria retomada e o seu cronograma, refeito. Mas, dessa vez enfatizando a consulta por maior autonomia do território, sem admitir, pelo menos inicialmente, a sua independência. De acordo com o Plano Baker, a região seria reconhecida como semi-autônoma e, num período de 4 a 5 anos se realizaria o referendo contando com a participação de todos os habitantes do território, que aí sim poderiam decidir pela independência, a autonomia no âmbito do Reino ou a integração ao Marrocos.
Tanto o governo marroquino quanto a Frente Polisário rejeitaram o plano. O Marrocos, como afirmado, não admitia mais a idéia de independência, aceitando no máximo a autonomia sob soberania marroquina. Já a Frente Polisário o considerava insatisfatório e insuficiente, além de observar que o mesmo fazia concessões demais para o governo do Marrocos. Vale ressaltar que na reformulação do Plano Baker, conhecido como Plano Baker II, de janeiro de 2003, este foi inicialmente rejeitado pelos dois lados, mas a Frente Polisário, pressionada pela Argélia e pela Espanha, e numa tentativa de quebrar o impasse do processo de paz, aceitou o novo plano, que de toda forma não foi implementado.
Na última década verificaram-se novas iniciativas que buscaram resgatar o espírito do referendo e o encaminhamento da questão do Saara Ocidental, mas sem nenhum resultado concreto. Isso se deve em grande medida à falta de compromisso do Conselho de Segurança das Nações Unidas em se engajar efetivamente na solução da questão. Apoiado às vezes discretamente, às vezes mais abertamente, pela França e pelos Estados Unidos, ambos membros permanentes do Conselho, o governo marroquino continua mantendo-se inflexível na anexação pura e simples do território ou, então, sinalizando com uma vaga concessão de mais autonomia para o território.
A questão do Saara Ocidental já se transformou, pode-se dizer, num tipo de conflito esquecido, no qual as esperanças de uma solução vão se esvaindo lentamente, sem que ninguém tome, de fato, uma atitude concreta que leve a uma solução para o problema. Enquanto isso, o governo marroquino é acusado de violação sistemática dos direitos humanos sem que nada aconteça, inclusive segue mantendo-se como aliado dos Estados Unidos, da França e da Espanha. Apesar da presença de uma missão das Nações Unidas (aliás, de difícil definição), também nada de efetivo ocorreu na última década para a realização do referendo, aparentemente o único caminho político para a resolução do conflito. O tempo parece estar jogando a favor do Marrocos, que em meio ao arrefecimento da questão no contexto da onda do “terrorismo” internacional, continua como poder dominante.