A origem da religião islâmica.
Série Megacidades - Rio de Janeiro.
Entenda o conflito na Irlanda do Norte
Amazônia, a floresta sul-americana
Dentro do Brasil estão 65% da selva. Mas Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa também se orgulham da floresta, e a usam como atrativo turístico.
A bacia do Amazonas acolhe mais de 30 milhões de pessoas, das quais mais da metade vive em centros urbanos.
Entre os principais problemas está a extração ilegal de madeira. Este é apenas o primeiro passo de um ciclo que pode envolver atividades econômicas que vão da pecuária à agricultura mecanizada.
Já a Colômbia afirma que sua porção de floresta é uma das mais protegidas. O plantio de coca e as fumigações do governo destroem a floresta, mas o conflito afugenta os grandes negócios de impacto.BBC BRASIL
As origens do islamismo
Relações entre o Brasil e Paraguai
No entanto, o tamanho do território, da população e da economia do Brasil fazem às vezes com que os paraguaios sintam-se pequenos diante do vizinho gigante. Muitos acreditam que seu país é deixado de lado em grandes decisões, como no âmbito do Mercosul, e que o Brasil usa seu poder como forma de pressão.O Brasil paga muito pouco ao Paraguai pela energia. Mas também é culpa do nosso governo. É ele que deve obrigar, ou pelo menos negociar isso.Adriana Insaurralde, administradora de empresasNos últimos meses, porém o Brasil tem sido um assunto cada vez mais comum no Paraguai devido a um tema específico: a discussão em torno da revisão do Tratado de Itaipu, que deu origem à usina hidrelétrica binacional e é um dos principaistemas da campanha para a eleição presidencial de 20 de abril.
As relações econômicas
Números
• População: 6 milhões
• PIB: US$ 31 bilhões
• Quanto o Brasil exporta para o país: US$ 1,6 bilhões
• Quanto o Brasil importa do país: US$ 434 milhões
• Saldo comercial com Brasil: US$ -1,2 bilhõesUm modelo econômico excessivamente dependente do Brasil faz com que muitos paraguaios tenham ressentimentos em relação ao vizinho e parceiro. O principal produto agrícola do Paraguai, por exemplo, a soja, foi introduzido por produtores brasileiros que atravessaram a fronteira na década de 70.Hoje, segundo analistas econômicos, a exportação de soja é um dos fatores principais do crescimento do PIB paraguaio, mas a importância dessa atividade não se traduz em benefícios diretos para o país, como aumento de empregos.Há ainda o excedente da energia gerada pela Hidrelétrica de Itaipu, que é vendido ao Brasil a preço de custo, conforme os termos do tratado assinado pelos dois países, o que vem provocando um amplo debate no Paraguai.Os paraguaios querem que o tratado seja revisto e que o Brasil pague preço de mercado pela energia, um tema que ganhou inclusive os discursos na campanha para as eleições presidenciais.
BBC BRASIL
Galeria - Canyons
Canyon de Chelly E.U. é único entre os parques nacionais, é composto inteiramente de Navajo Tribal Land Trust, que continua a ser a casa de um Navajo comunidade. Segundo a Navajo crenças, uma divindade chamada Spider Woman vivia em cima de Aranha Rock, o arenito monolito em primCarved rock trechos, tanto quanto os olhos podem ver no Canyon de Chelly National Monument no Arizona. eiro plano desta fotografia. Ela devorou crianças que comportado mal, branqueada e seus ossos transformaram o início do Rock Spider branco.Fotografia por Bill Hatcher.
Formações rochosas sacada do piso do Grand Canyon de Yellowstone National Park. Inundações derretimento de geleiras ajudaram a esculpir esta canyon, aprofundá-la e remover a maior parte da sua areia e cascalho.Por Norbert Rosing Fotografia
Sunlight sneaks nas fendas do Arizona's Antelope Canyon, pintando a ondulações crafted por anos de inundações e de outros processos erosivos. O slot canyon é um dos mais visitados no sudoeste canyons.Fotografia por Paul Nicklen
Uma cachoeira estabelece a verdadeira face do Grand Canyon no Arizona. Além do poderoso rio Colorado que atravessa o Canyon, de água, um recurso vital no árido sudoeste, existe sob a forma de nascentes, córregos, e se infiltra.Fotografia por Michael Nichols
Um slot canyon pontuação deserto do Arizona, a apenas um de muitos dotting do estado fronteira com Utah. Slot canyons são relativamente curtas e estreitas que podem ser invulgarmente canyons várias centenas de metros de profundidade. A região necessita de uma combinação especial de chuvas e características geográficas para tornar possível slot canyons. Pluviais e snowmelt cortar e esfregando o vermelho rock desta região para eons para formar essas faixas horárias.Fotografia por Bill Hatcher
No México, à esquerda, e os Estados Unidos sobre a direita, o Rio Grande forja uma clara barreira entre os dois países. Sobre os E.U. lado do rio através dos ventos Santa Elena Canyon no Texas "Big Bend National Park. Altaneiro 1.500 pés (460 metros de) falésias de calcário sólido marcar o canyon.Fotografia por Bruce Dale
A água corre em torno de rochas como o rio Colorado continua a reduzir o seu caminho através do Grand Canyon. Leva dois dias a pé ou mula para ir ao fundo do Grand Canyon e volta, e pelo menos duas semanas para completar a viagem através do canyon por balsa. Em 1963, o Glen Canyon Dam foi concluída a montante do Grand Canyon, a mudar radicalmente o fluxo do Colorado.Fotografia por Wilbur E. Garrett
Sheer basalto torres enraizada na inundação - Simen Montanhas na Etiópia - chamado de Africano Alpes - Fotografia por Michael Nichols
National Geographic
A volta do espectro de Malthus
Reflexos no Brasil de teterremotos distantes
Relações entre Brasil e o Chile
O olhar do povo
Os chilenos demonstraram simpatia em relação ao Brasil e ressaltaram a imagem do vizinho como país alegre e de gente amável. O número de turistas do Brasil no Chile vem crescendo, mas muitos chilenos dizem também conhecer brasileiros que vivem no país.
Há muitos brasileiros trabalhando aqui. São boa gente, trabalhadores, empreendedores.Emilia Contrera, comercianteA BBC Brasil entrevistou moradores na capital Santiago e na cidade portuária de Iquique. Apesar de terem em mente o estereótipo do país do futebol e das mulheres bonitas, alguns destacaram os problemas sociais brasileiros.O Brasil me parece um país onde a 'torta' econômica está muito mal repartida.Juan Cristóban, advogadoA falta de fronteiras provoca reações distintas entre os moradores. Alguns já visitaram o vizinho e não acham que a falta de fronteiras seja um fator importante, mas outros pensam que o Brasil ainda é um país distante.
As relações econômicas
Números
• População: 16 milhões
• PIB: US$ 202 bilhões
• Quanto o Brasil exporta para o país: US$ 4,2 bilhões
• Quanto o Brasil importa do país: US$ 3,4 bilhões• Saldo comercial com Brasil: US$ -781 milhõesEm 2007, o Chile foi o oitavo mercado fornecedor de produtos para o Brasil e as importações do país vizinho aumentaram 21,5% em relação a 2006, mais do que as exportações, que aumentaram 9%. Em volume de negócios, o Chile é o segundo principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, atrás da Argentina.Ao contrário do Brasil, o Chile tem uma das economias mais abertas da América do Sul, com poucas barreiras à entrada de produtos de outros países.Apesar de intercâmbio comercial entre os dois países vir crescendo, a participação do Brasil no intercâmbio comercial global do Chile vem caindo. Por outro lado, a China se consolida como um parceiro cada vez mais importante para o país andino.O Brasil exporta principalmente produtos petrolíferos para o Chile. O principal produto importado é o cobre. Os investimentos brasileiros no país vêm aumentando, principalmente no setor de mineração.
BBC BRASIL
Caatinga
DESERTIFICAÇÃO VS. CONSERVAÇÃO
A Amazônia em números
Região da bacia amazônica: região compreendida pela grande bacia do rio Amazonas, a maior bacia hidrográfica do planeta. São 25 mil quilômetros de rios navegáveis.A área abrange seis países: Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia Venezuela.No Brasil, o conceito de Amazônia Legal foi criado em 1966. Atualmente inclui: Amazonas, Acre, Pará, Amapá, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Maranhão, Goiás e Tocantins.A Amazônia Legal tem 5 milhões de quilômetros quadrados.A Amazônia Legal abrange 59% do território brasileiro, distribuído por 775 municípios.Representa 67% das florestas tropicais do mundo.Se fosse um país, a Amazônia Legal seria o 6º maior do mundo em extensão territorial.Um terço das árvores do mundo estão na região, além de 20% das águas doces.De acordo com o último censo demográfico da região (IBGE 2000), a região tem 20,3 milhões de moradores, sendo 68,9% residentes na área urbana e 31,1% na área rural.A Amazônia Legal abriga 12,3% da população brasileira (Estimativa IBGE 2004).O Estado mais desmatado (em comparação à extensão total do Estado) é Rondônia, onde o percentual de área desmatada é de 28,5%. Até 1978, a área desmatada no Estado era de 1,76%, chegando a 24% em 1999. O crescimento da população é apontado como responsável pelo desmatamento: entre 1970 e 1980, esse crescimento foi de 324%.O número de imóveis rurais na região Norte do país, onde se encontra a maior parte da Amazônia Legal, cresceu 163% de 1992 a 2003, chegando a 30,4 milhões de imóveis. Foi a região que mais cresceu no período (Incra). Segundo o Incra, esse aumento é consequência principalmente da incorporação de novas terras. Além disso, a taxa de crescimento foi concentradora, pois a taxa de crescimento de área foi duas vezes superior à taxa de aumento do número de estabelecimentosNa Amazônia Legal, em 2003, as áreas de "posses" totalizavam 35 milhões de hectares, o que correspondia a 19,8% da área total dos imóveis da região e 52,8% da área total dos imóveis de "posse" do Brasil.No Brasil, os grilos somam 36,7 milhões de hectares, sendo 25,4 milhões de hectares na Amazônia Legal.De 1996 a 2006, a área destina a lavouras na região Norte cresceu 275%, chegando a 7,4 milhões de hectares. Já as pastagens cresceram 33% no mesmo período.Programa Terra Legal (fruto da MP 458)Área total: 67,4 milhões de hectares (ou 67 mil quilômetros quadrados). São terras públicas federais ocupadas por pessoas que não têm a documentação.Desse total, 283 mil (95,5%) têm até 400 hectares.Cerca de 1,2 milhões de pessoas vivem nessa área (estimativa do governo).Estudos da ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia)
* SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento)
Em 2003, o cadastro do Incra continha 302 mil registros de posse somando aproximadamente 42 milhões de hectares ou 23,7% da área dos imóveis da Amazônia cadastrados no Incra.Em 2007, as áreas protegidas (terras indígenas e unidades de conservação) e reservas militares somavam aproximadamente 43%3 do território da Amazônia Legal ou em torno de 209 milhões de hectares.Ainda segundo o Imazon, mais de metade (53%, ou cerca de 2,6 milhões de quilômetros quadrados) da Amazônia Legal possui situação fundiária incerta.Em 2002, aproximadamente 47% da Amazônia brasileira estava sob algum tipo de pressão humana, incluindo desmatamento, zonas de influência urbana, assentamentos de reforma agrária, áreas alocadas para prospecção mineral e reserva garimpeira, bem como áreas sob pressão indicadas pela incidência de focos de calor (queimadas) em florestas.Aproximadamente 80% da área desmatada está até 30 km das estradas oficiais (número referente a 2002).Dados da FAO revelam que, de 2000 a 2005, o Brasil respondeu por 42% da perda florestal líquida global - dos quais, a maior parte ocorreu na Amazônia brasileira.Entre 1990 e 2003, o rebanho bovino na Amazônia Legal Brasileira aumentou de 26,6 milhões para 64 milhões de cabeças, o que representa um aumento de 140 % (IBGE 2005).O numero de cabeças de gado no Estado do Amazonas saiu de 733,9 mil em 1995 para 1,2 milhão em 2006 (Censo Agropecuário IBGE).Entre 1960 e 2001, a população total da Amazônia Legal aumentou de cerca de 4 milhões para mais de 20 milhões (IBGE 2002).Produto Interno BrutoEm 2002, o Produto Interno Bruto (PIB) da Amazônia Legal era de R$ 82 bilhões (US$ 27,5 bilhões) (Ipea, 2002). Na época, esse valor correspondia a 6,1% do PIB nacional. Os Estados do Pará, Amazonas e Mato Grosso representavam conjuntamente 70% do PIB da região.O PIB per capita da Amazônia Legal, em 2002, era igual a R$ 7,4 mil, ou US$ 2,1 mil; o PIB per capita médio brasileiro era de R$ 12,9 mil, ou US$ 3,65 mil.Cobertura Vegetal.
As florestas (densas, abertas e estacionais) cobrem 64% da Amazônia Legal. As formações não-florestais - compostas por cerrados, campos naturais e campinaranas - cobrem outros 22%. O restante, 14% da cobertura vegetal da Amazônia, foi desmatado até 2004.Aproximadamente 24% da Amazônia Legal é composta por áreas privadas (IBGE, 1996).Estimativa da Imazon, com base em imagens de satélites, aponta a existência de 95,4 km de estradas clandestinas na Amazônia Legal, a maior parte no Estado do Pará.
BBC BRASIL - 2009
Planícies aluviais
O problema é agravado pela impermeabilização do solo, causada pelo grande número de edificações e pela pavimentação da superfície do terreno.Essas construções impedem a infiltração das águas das chuvas que alimentam os aqüíferos e proporcionam um grande escoamento superficial diretamente para os canais dos rios. Estes, por sua vez, não suportam o volume excessivo de água e transbordam com mais facilidade e freqüência que o normal.Na cidade de São Paulo destacam-se as planícies dos rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí. Originalmente meândricas, elas foram intensamente remodeladas pela ação humana, graças a retificações dos canais e aterramento das várzeas. Na época das chuvas, mesmo quando o canal desses rios não atinge a sua vazão-limite, em regiões topograficamente mais baixas dessas planícies o sistema público de drenagem de águas pluviais não é totalmente eficiente, e o acúmulo de água provoca inundações.(veja o quadro “Meandros”).Além dos problemas das inundações, a ocupação das planícies aluviais por construções também é um fator crítico do ponto de vista da engenharia. Quando submetidos a cargas (peso das edificações), os solos argilosos que compõem essas áreas podemcomprimir-se e se deformar, ocorrendo um afundamento do terreno e originando os chamados recalques de solo. Conforme a magnitude e o tipo de recalque, pode-se comprometer estruturalmente uma edificação e até ocasionar o seu desabamento.Nas obras em que são realizadas escavações no terreno, como construções de garagens subterrâneas com abertura de valas ou escavações de túneis, esses problemas são potencializados. Nesses casos, para aliviar a pressão da água no solo e tornar a obra mais segura, faz-se necessário o rebaixamento do nível do lençol freático por meio de poços que bombeiam aágua subterrânea. Quando essa prática é realizada em regiões de depósitos aluviais, a drenagem da água faz com que os grãos que compõem o solo percam sustentação e sofram acomodação, o que pode determinar recalques de grandes magnitudes e conseqüentes danos a edificações.Em síntese, as planícies aluviais são áreas com características inerentes aos processos da dinâmica natural dos rios, cujos limites devem ser respeitados, e nas quais a ocupação humana deve fundamentar-se em conhecimento técnico-científico.
A guerrilha mais antiga do continente americano.
Fora da regraDiferente dos conflitos colombianos anteriores, a bipolaridade do mundo à época estava presente com toda a força. A Guerra Fria alimentava esse tipo de conflito, na visão do professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense, Williams Gonçalves. “Na década de 1990, sem a polarização do mundo, houve uma tendência em toda parte no sentido do diálogo, em Angola, na África do Sul, na América Central, na medida em que se desfez o ambiente favorável ao conflito”, prossegue. A tendência, porém, não encerrou a disputa na Colômbia. Uma das principais razões para a manutenção das Farc, dos paramilitares e de outros grupos guerrilheiros está no tráfico de drogas. “É possível que o tráfico tenha sido a saída para assegurar a conquista de posições territoriais inacessíveis ao Estado colombiano, mesmo com forte apoio financeiro e bélico por parte dos Estados Unidos”, avalia Gonçalves. Para ele, há um aspecto ideológico ao se usar dinheiro do que é considerado o “veneno” da sociedade capitalista para financiar um grupo que luta por uma forma de poder antiimperialista. “Por que não usar o dinheiro do próprio imperialismo?”, resume.
O vínculo com o narcotráfico precisa ser compreendido dentro da dimensão que a atividade adquiriu na Colômbia no final da década de 1970 e com mais profundidade na de 1980, com os cartéis do narcotráfico. Yolanda Pulecio, mãe da senadora Ingrid Betancourt, mantida refém das Farc desde 2002, em entrevista ao portal G1 em novembro de 2006, disse a respeito das relações das Farc com o narcotráfico: “Na Colômbia, o narcotráfico sustenta tudo. Sustenta o Congresso, os congressistas eleitos, sustenta a guerrilha.” Para Luis Varese, jornalista e antropólogo peruano, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no Brasil, seria simplismo atribuir exclusivamente ao tráfico a causa da manutenção dos conflitos. “Há fatores políticos e sociais dos atores envolvidos que não podem ser desprezados”, sustenta. Entre esses fatores está o acirramento promovido por acordos de cessar-fogo estabelecidos e descumpridos, além das tentativas de sufocar a guerrilha colombiana pelo uso da força. A mais recente investida, a partir de 1998, foi o Plano Colômbia. Tendo como alvo os “narcoterroristas”, a ação não conseguiu solucionar o impasse, e levou a inúmeros casos de violações de direitos humanos.Há ainda o fortalecimento dos grupos paramilitares. Criada em 1997, a Autodefesas Unidas Colômbia (AUC), de extrema-direita, é hoje o principal desses grupos. Sua origem deu-se no contexto do governo de Andrés Pastrana, por meio de uma aliança entre a AUC, a direita política e os proprietários de terra para fazer frente ao controle territorial das guerrilhas de esquerda. Mais tarde, entre 2003 e 2005, o Plano Patriota promovido pelo governo uribista levou à desmobilização e deposição das armas por parte da AUC em troca de anistia. Apesar de se declarar inativa, gravações telefônicas apontaram que alguns de seus membros voltaram a operar ou se reorganizaram em outros grupos. Tamanho vínculo entre a AUC e as elites se converteu em problemas para parte das figuras de destaque do Partido de Convergência Cidadã (PCC), do presidente Álvaro Uribe. 13 parlamentares foram presos de fevereiro a maio de 2007, acusados de ligação com paramilitares, incluindo o irmão da chanceler María Consuelo Araújo.Mediação internacional Luis Varese, defensor de soluções negociadas, destaca a necessidade de engajamento das partes envolvidas diretamente para que qualquer processo de pacificação possa vingar. A observação serve como uma primeira ressalva às intenções manifestas por líderes de outros países na mediação das negociações, além da intervenção das próprias Nações Unidas.Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Cristina Fernandes Kirchner, manifestaram disposição semelhante. Diante de avanços de Hugo Chávez, imbuído nas negociações desde agosto de 2007, sobre o seqüestro de Ingrid Betancourt, que tem cidadania francesa, o presidente Nicolas Sarkozy manifestou interesse em ajudar na negociação da libertação.Chávez foi desqualificado pelo presidente Álvaro Uribe. O episódio-estopim do rompimento foi um contato telefônico direto entre o venezuelano e o comandante do exército, general Mario Montoya. A disputa terminou em troca de insultos entre os mandatários.“Não interessa a Uribe e aos Estados Unidos uma mediação bem sucedida do presidente da Venezuela, por menor que fosse o avanço”, avalia Gonçalves. No caso de Lula, a mediação pode ter mais chances de sucesso, na medida em que ele representa uma linha à esquerda menos conflituosa e mais moderada.Gonçalves ressalva que, ao se referir aos interesses estadunidenses, não quer dizer necessariamente os dos escritórios de Washington, mas do ideário arraigado nas elites e na direita colombiana que, pela proximidade geográfica e pelas relações estabelecidas historicamente, são mais intensos do que em outras partes do continente. O momento em que as negociações mais se aproximaram da paz foram nos acordos e Uribe, em 1984, com cessar-fogo que durou até 1990. As Farc formaram a União Patriótica como braço político institucional, que obteve alguns importantes resultados eleitorais. Jaime Pardo Leal se lançou candidato a presidente pela UP e obteve o maior número de votos alcançado até então por um partido que não seja os tradicionais Liberal e Conservador. Foi assassinado em 1987, assim como o senador Manuel Cepeda Vargas, em 1990.Desde a fundação da UP, o número de mortos e desaparecidos chegou a 3.500. Os sobreviventes de massacres e atentados ficam em torno de mil e muitos até hoje sofrem ameaças e têm que viver de forma clandestina. O episódio é o ponto de partida do livro Walking Ghosts, do jornalista estadunidense Steven Dudley – sem edição brasileira. O porta-voz das Farc, Raúl Reyes, declarou no dia 20 de dezembro de 2007 que a condição para a libertação de todos os reféns é a renúncia de Uribe. Enquanto isso, vivia-se a expectativa de libertação de Betancourt e mais duas seqüestradas, com participação de Chávez e do governo francês, que ofereceu asilo político aos guerrilheiros das Farc que eventualmente venham a ser libertados pelo governo colombiano. Toda a disposição da comunidade internacional pode fazer parte do começo de uma mudança ou apenas inspirar outros livros para tentar explicar os conflitos.Refugiados de uma guerra política Uma das dimensões do conflito colombiano é o contingente de deslocamentos forçados provocado por sua continuidade. Enquanto Betancourt mobiliza parte do noticiário, o sacerdote belga François Houtart, secretário-executivo do Fórum Mundial de Alternativas, pede que os refugiados não sejam esquecidos. Em artigo publicado no jornal chileno El Clarín, no dia 16 de dezembro, ele conta que presidiu o Tribunal Internacional de Opinião sobre Deslocamentos Forçados na Colômbia, realizado na capital federal, Bogotá.“Segundo o veredito do tribunal, se trata de uma crise estrutural”, sustenta. “Desde meados dos anos 1980, os narcotraficantes decidiram trazer suas divisas ao país e as lavar mediante a compra de grandes extensões das melhores terras. Os cartéis do narcotráfico, junto com setores da oligarquia, da classe política e as forças militares criaram uma nova versão do paramilitarismo, sob o pretexto de lutar contra a insurgência”, conclui.
Nesse contexto, ele aponta a concentração de terras nas mãos de latifundiários e grandes empresas, incluindo multinacionais como mineradoras e conglomerados de extração de petróleo, além das voltadas ao agronegócio, como principal causa para o crescimento do número de deslocamentos forçados no país.Organizações de defesa dos direitos humanos apontam 3 milhões de deslocamentos internos e 2 milhões de refugiados em outros países. O Acnur trabalha com números mais conservadores, 2,5 milhões internamente e 1,5 milhões em outros países, como reconhece o representante do órgão no Brasil, Luis Varese. Parte dessas pessoas se consideram perseguidas pelas Farc, parte pelos grupos paramilitares ou mesmo por narcotraficantes.A busca por outros países é um movimento que cresce desde o final dos anos 1990. A Venezuela abriga meio milhão deles, o Equador entre 200 e 300 mil. Na Costa Rica, a estimativa é de 60 mil e no Brasil, entre 15 e 20 mil. Os índices relacionados à Europa e à América do Norte são inferiores. Seja por desconhecimento, seja por considerarem desnecessário, nem todos chegam a solicitar a condição política de refugiados, nos locais onde buscam abrigo, o que torna mais complexo lidar com a questão.No Brasil, o órgão responsável pela concessão do asilo e pelo alocamento dos deslocados em 22 cidades de quatro estados é o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça, formado por representantes de mais quatro ministérios, além da Polícia Federal, e integrantes da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo e Rio de Janeiro e da Acnur.Os refugiados recebem apoio por um período limitado de seis a 12 meses para garantir sua sobrevivência enquanto buscam sua auto-suficiência. Com apoio de quatro diferentes ONGs em cada um dos estados onde há refugiados, busca-se a integração às comunidades onde eles são assentados.
Revista Forum.